Somos um país de corruptos? É lógico que não. Se parecemos ser? É verdade. Porém, como bem sabemos, nem tudo o que parece é. Aliás, não tenho a menor dúvida que a grande maioria dos portugueses é honesta, séria, trabalhadora e preservante dos bons costumes – atenção, nada de conotações com o antigo regime.
Já escrevi e volto a afirmar: corrupção sempre houve, há e haverá. Faz parte, infelizmente da natureza humana. Que hoje parece haver mais? Não nego. Tal se deve ao clima de total liberdade dos media. Numa sociedade emudecida a degradação de alguns igualmente existe e com o mesmo pendor. Todavia, poucos ou nenhuns têm conhecimento de tal por via do silêncio superiormente imposto. Por isso, prefiro a democracia, tal como ocidentalmente a concebemos, apesar da descoberta de tantos e tantos prevaricadores.
No meio disto tudo, há quem veja o copo meio vazio e outros existem que o vêm meio cheio. Prefiro este último estado, i.e., são as instâncias a exercer o seu múnus, sem olhar a quem, quando e como.
Ontem, quase parecia o dia do Juízo Final. Nas redes sociais, onde toda a porcaria desagua e de modo exponencialmente amplificado, havia imensa gente a indagar se alguém escaparia, sinónimo da enorme razia registada, quer politicamente, judicialmente ou ainda desportivamente.
Como não podia deixar de ser, logo surgiram umas virgens púdicas a gritar aqui d’el-rei. Afirmam tratar-se da judicialização da política, que o Ministério Público coloca tudo no mesmo saco, que se trata de uma vendetta por parte dos maiores responsáveis da PGR, etc. e tal. É claro que altas figuras da actual governação e seus apêndices não estavam costumados a tal. Bem gostariam de voltar aos tempos de um tal ingenheiro onde tudo ou quase tudo era silenciado. Olhem, tenham paciência. É a vida. E esta não volta para trás.