Perscruto pela janela e nada vejo. Aliás, o meu campo visual é reduzido. Para agravar, a rua e os passeios desertos limitam a minha imaginação. O ambiente exterior, quente e pegajoso, contagia o interior. A minha alma, porém, não se deixa confinar e procura locais longínquos.
Procura em vão. Não me consegues ouvir. Não sei onde estás. Chamo e volto a chamar e apenas ouço o eco da minha voz. Rouca, abafada e nada ritmada.
A paisagem, por vezes, parece-me vagamente familiar. No momento seguinte, porém, é-me totalmente estranha. Desconheço o traçado. Procuro a tua bússola, mas os olhos enovoados não me deixam ler. Não sei para onde ir. As dores atormentam-me e as pernas começam a fraquejar. Um grito de angústia sai-me da garganta. Começo a duvidar das minhas já escassas forças. Conseguirei chegar?
A desolação de mim se apoderou. Encosto-me a uma árvore. A respiração ofegante e o coração sobressaltado não me deixam continuar. Olho para o céu e faço uma prece.