Quem me conhece ou lê sabe que não morro de amores por este governo e muito menos por António Costa, isto sem prejuízo de achar a sua sagacidade digna de nota. Transformar uma derrota em vitória, para além de diariamente se entender com alguém(s) que, em muitos aspectos, está nos antípodas daquilo que pensa e faz é obra, demonstrando, deste modo, possuir um contorcionismo excelente.
Colocados os pontos nos is, não entendo muito bem a "histeria" instalada – mais alimentada pelos media que outra coisa – sobre a tolerância de ponto dada à função pública no próximo dia 12 de Maio, aquando da visita de Francisco a Portugal. Bem sei que o ateísmo e agnosticismo são “espécies” de doutrinas que têm vindo, ultimamente, a ganhar terreno e, nessa ordem de ideias, não são assim tão poucos aqueles que defendem a radical separação, i.e., clara e unívoca, entre o Estado e as confissões religiosas, neste caso a Igreja Católica.
Invocam uns a laicidade do Estado, enquanto outros, porém, defendem que nos tempos que correm irmos para a terceira semana seguida em que apenas se trabalha quatro dias não é de modo algum curial. Esquecem-se, todavia, que um governo deve, em princípio, trabalhar tendo em conta o interesse da maioria dos cidadãos. Ora, acontece que é indesmentível que a larga maioria dos portugueses, para desgosto daqueles, professa e está de acordo com os ditames da Fé Católica, pelo que ir ao encontro das pretensões desta é, sem receios de exagerar, exercer a democracia.
Aliás, muitos daqueles que hoje vociferam contra tal medida aplaudiram o regresso – em massa, acrescento eu – dos quatro feriados em 2011 suspensos.
Bem sei que esta iniciativa tem algo de demagógico, de populista e sobretudo apresenta laivos de eleitoralista. Contudo, só se deixa enganar quem quer!