Esta coisa de pensar que não segue a norma estética e a consequente obrigação de ter uma “cintura de vespa” é uma grande chatice. Só quem alguma vez tentou perder uns quilitos, mesmo que poucos, sabe a verdadeira batalha, diria melhor, autêntica guerra que tem de travar. A esmagadora maioria sabe que ganhar peso é fácil. Cinco minutos de prazer na boca, umas gramas – muitas vezes não são poucas - a mais no corpo e meses para as perder.
Num momento em que a disponibilidade de informação é tão elevada, parece quase um contra-senso ver este problema aumentar. Como não somos todos iguais, não ingerimos as mesmas substâncias, não temos as mesmas actividades e sendo óbvio que os corpos reagem de modo distinto, o problema a jusante coloca-se em perspectivas diferentes. O que para uns é óptimo, para outros é nitidamente péssimo. O que não deixa de ser algo (in)justo.
Diz-se, à boca cheia – caramba, até os ditos populares atraiçoam -, que a solução só pode ser uma: apostar na prevenção! Os factores de risco têm sido amplamente estudados e podem ser “trabalhados” desde cedo. Sim, sabemos tudo isto. Todavia, não deixa de ser um contratempo e muito grande. Aquilo que mais nos dá prazer é o que nos está proibido. E não se trata da questão do fruto proibido é o mais apetecido. Trata-se do verdadeiro prazer da mesa.
Falam as más-línguas – bem, há quem as ache boas – que as modelos e outras figuras elegantérrimas (o dicionário diz que a palavra não existe) da nossa praça não comem, apenas lambem! Descontando o eventual segundo sentido, direi que o gastrónomo tem de salivar, saborear e comer, proporcionando, deste modo, às papilas gustativas a sensação verdadeira e o gozo de degustar um genuíno manjar dos deuses.
Não se trata de comer muito. Fundamentalmente a argumentação assenta em comer pouco de muitas e boas coisas em que a nossa culinária é tão rica.