Portugal, em termos estatísticos, está melhor. Pelo menos a nível do desemprego e défice, uma vez haver outros aspectos, não menos importantes, em que está pior. Há menos crispação, dizem uns. Temos mais estagiários formandos e menos emigrantes, dizem outros.
A verdade é que há ainda muito por fazer, dado que para as grandes reformas estruturais nem ideias ainda existem. Lado a lado com as estatísticas temos o dia-a-dia dos cidadãos, os que labutam em Portugal e os que se querem instalar no nosso país ou querem regressar. Em qualquer dos casos, a grande maioria tem partilhado um problema: a corrupção real ou a percepção de que esta é generalizada.
Muitas pessoas têm visto na corrupção uma oportunidade para resolver os seus problemas de vida. Mas como combatê-la estruturalmente? Requalificando eficazmente, de forma proactiva, a direcção da justiça, permitindo, deste modo, que não se estabeleça uma forte e formal cooperação entre o serviço público e servir-se privadamente.
Todos temos um lugar e uma importância neste ecossistema e, tal como já acontece no resto da Europa, a cooperação no combate à fraude traz inequívocos resultados. No final, sobretudo os mais frágeis, a nossa economia agradecerá. É, por isso, urgente criar tempo e espaço para consensos e é crítico que se oiçam as necessidades dos cidadãos honestos, os quais, sem sombra para dúvida, ainda são o grosso da coluna.
Se os tempos mudaram, então que se mudem também as vontades.