Só quem nunca geriu ou esteve perto da gestão é que, certamente, não deverá ter muita dificuldade em propor e posteriormente aplicar medidas, sobretudo quando estas começam maioritariamente pelas palavras reposição, limitação ou proibição. As empresas e principalmente os trabalhadores – sim, arrisco dizer trabalhadores – precisam de ferramentas de gestão e trabalho flexíveis. Só quem não conhece o país e o mercado de trabalho é que pode querer, senão desde o primeiro dia quase, um contrato para toda a vida e com bom ordenado.
A polémica instalada sobre a descida da Taxa Social Única (TSU) encadeia-se nesta problemática de emprego e salário. O governo, pretendendo agradar a gregos e troianos – convenhamos que desde o primeiro dia não tentou fazer outra coisa - aumentou o ordenado mínimo em 85 euros em dois anos. O que à partida parece pouco, em termos percentuais é muito. Para compensar desceu, para o patronado, o desconta da aludida TSU.
Se até aqui nada de novo, pois o PS, apesar de saber dos votos contrários do PCP e BE, os quais apenas olham para os salários e preferem uma política de terra queimada a um desenvolvimento sustentado, contava com a viabilização de tal por parte do PSD, isto sem, previamente, ter negociado o que quer que seja, fazendo de conta que os sociais-democratas fossem uns autênticos verbos-de-encher. Ora, como é do conhecimento público, estes, à semelhança do que António Costa tem feito constantemente – é bom recordar o que disse de António José Seguro e a sua actual prática diária – não estiveram por meias medidas, i.e., declararam não apoiar tal medida.
Aqui d’El Rei que cai o Carmo e a Trindade! Mas como é? Negoceia, quando necessita, com os seus parceiros de esquerda, essencialmente para levar por diante a agenda fracturante destes. Todavia, quando necessita do apoio do PSD assobia para o lado e toca de “malhar” e, ainda por cima, acusa-o de incoerência. Sobre isto há que dizer duas coisas: os tempos são diferentes e, conforme dizia Mário Soares, só não mudam os burros. Segundo, incoerência é uma palavra que deveria ser banida do léxico do PS, tantas são as situações em que as suas ideias e práticas são completamente opostas.