Quem se der ao trabalho de reflectir um pouco, facilmente chega à conclusão que as últimas décadas foram turbulentas nas mudanças em termos de política, economia, cultura e educação, tal como nos novos papéis das pessoas nas organizações, na família e na sociedade em geral.
A passagem de um país com uma industrialização incipiente para uma sociedade baseada na globalização do conhecimento e da informação gerou a exclusão de muitas centenas de milhares de pessoas incapazes de se adaptarem a novos figurinos e exigências de um mundo mais moderno.
Todavia, apesar dos elevados custos das várias crises suportadas nos últimos anos, o país efectuou progressos muito importantes em todos os sectores de actividade. A transformação tecnológica, induzida em grande parte pela integração europeia e pelo consequente investimento estrangeiro, projectou o ensino português para patamares de qualidade nunca antes alcançados. Não apenas nas universidades, mas também através do crescimento acelerado do ensino profissional.
A democratização da educação e a disseminação do ensino politécnico no interior do país contribuiu para uma aceleração da qualificação dos jovens e para a sua integração num mercado de trabalho alargado sobretudo ao espaço europeu.
Como se costuma dizer, não há bela sem senão. Por isso, os aspectos mais negativos resultam do facto dos investimentos financeiros no ensino básico e secundário continuarem a ser, por um lado, insuficientes e, por outro, alguns mal aplicados.
Não ficaria de bem se não mencionasse que a sucessão de reformas erráticas, a maior parte das quais ao sabor de interesses corporativos, aliada à ausência de uma definição estratégica clara a longo prazo constituem os erros mais flagrantes dos sucessivos governos.