A História repete-se. Quando era adolescente aprendi que “a História é uma sucessão de sucessos que se sucedem sem cessar”. Acrescento que hoje em dia é comum e plenamente aceite afirmar-se que aquela área do conhecimento também é feita de fracassos, tragédias e desvios à “norma”, factos que, aliás, tem feito muito mais pela evolução da humanidade que os êxitos.
Os comentadores do establishment, salvo as raras e honrosas excepções, são unânimes em classificar a eleição de Donald Trump como catastrófica, só comparável ao que se viveu em Sodoma e Gomorra, com as consequências que todos conhecemos. No fundo, para eles é a pior coisa que poderia acontecer ao Mundo. e um mais que previsível caminho para a III Guerra Mundial. Alguns e algumas chegam mesmo a dizer que querem imigrar deste planeta. Indago: demoram muito?
Pouco importa que os americanos livremente tenham escolhido Trump, uma vez que, no esplendor do seu alto discernimento, os aludidos (excelsos) comentadores, sem excepção politicamente correctos, acham que todos aqueles que votaram naquele são analfabetos, incultos, sexistas, homofóbicos, segregacionistas e anti qualquer coisa. Salazar também tinha umas ideias semelhantes. Bem, não é por acaso que os extremos se tocam …
A maior parte dos mencionados escrevinhadores da nossa praça, portadores de enormes complexos de esquerda, do alto das suas cátedras negam a evidência. Estão-se nas tintas para o facto dos americanos, tais como os europeus estarem cansados da classe dirigente, a qual, apesar de mudarem as moscas, a m… é sempre a mesma, já que se sustentam desde jovens do sistema, irreformável, absolutista e intocável.
Quando a classe média e não só, mas principalmente esta, verdadeiro motor de qualquer país civilizado, não é ouvida, bem pelo contrário é explorada, espezinhada nos seus mais que justos e legítimos anseios, só lhes resta desejar a vinda de alguém que, pelo menos, prometa a implosão do referido sistema. E os europeus coloquem as barbas de molho, pois o que se vê em França, Finlândia, Alemanha, Itália e muitos países do Báltico, com organizações políticas de extrema-direita a ganham terreno a olhos vistos, é coisa para ficar muito apreensivo.
E não caiam, os actuais dirigentes, na tentação de dizer que são os movimentos populistas que embusteiam os ingénuos dos cidadãos. Não, mil vezes não. São eles, através seus exemplos e práticas, que levam a esse estado.