Deve ser defeito meu. Mas existem momentos em que oiço e/ou leio notícias e fico com a nítida sensação que existem profissionais com vontade de confundir tudo e todos. É de propósito, pois dá-lhes jeito que assim seja.
Por exemplo, a designada comummente municipalização do ensino trouxe, nos treze concelhos onde se experienciou tal, algo de novo e sobretudo de melhor? Só para citar dois, de entre muitos itens, passou a existir superior articulação entre o ensino e a empregabilidade? Registou-se uma maior abertura da escola à comunidade envolvente? Pelo que se vê, a resposta é francamente negativa. Vejam-se os casos de Mealhada e Oliveira do Bairro onde os respectivos agrupamentos perderam muitas e valiosas valências, ao contrário do que se passa noutros concelhos limítrofes.
Como é evidente, se até aqui – sei pessoalmente do que falo - as autarquias já tinham um papel mais que preponderante, hoje-em-dia ostentam um poder quase avassalador, onde desde a mais pequena obra, passando pela relação quotidiana dos funcionários e acabando na gestão das ofertas educativas, para não citar outras áreas, nada se decide sem o “ámen” daquelas.
Já agora, a imprensa regional informou que o Conselho Municipal de Educação da Mealhada, em sua reunião de 27 de Julho p.p., considerou “uma mais-valia para o Agrupamento a forma como tem sido implementado o Contrato Interadministrativo de Delegação de Competências” – o apelidado processo de municipalização da educação – assinado há precisamente um ano. E a notícia continuava afirmando que “segundo nota da autarquia, os conselheiros sublinharam a forma transparente como o contrato tem sido implementado pelo Município, cumprindo de forma escrupulosa o estabelecido no mesmo”.
Mais palavras para quê? Lamenta-se apenas que a comunicação social não vá ao terreno auscultar o pensar dos que diariamente metem a mão na massa, dando o melhor, para posteriormente verem os assuntos aprovados nas suas costas.