Sim, é verdade, também sonho. Nem sempre, mas sonho. Umas vezes acordado, mas a maior parte das vezes a dormir. E o outro dia tive um sonho. Se é irónico, pretensioso, falacioso ou não, vocês, caros leitores, dirão melhor que eu. Em resumo, a aludida quimera pode contar-se do seguinte modo.
A direcção de um agrupamento de escolas aqui bem perto, do qual me abstenho de nomear, cansada das intromissões da autarquia, da “rebeldia” de alguns docentes, da displicência de outros, esgotada por ser criticada por tudo e por todos - apesar do suor, sangue e lágrimas derramadas -, apresenta a sua demissão.
Antes, porém, resolve ter um “bate-papo” com o je. E, nos intróitos, vem à baila os dissabores, as arrelias, os contratempos e, sobretudo, a incompreensão manifestada, principalmente, pelo corpo docente, o qual, apesar de terem feito vista grossa, i.e., terem deixado que este navegasse com mar à vista, se tem mostrado ingrato.
É certo que a direcção conhece mal ou nada mesmo sobre a realidade das várias unidades orgânicas que compõem a maior instituição do concelho (!!!) – as palavras não são minhas -, limitando-se, quanto muito, a aparecer nesta ou naquela, género visita de médico ou para almoçar. Todavia, no seu alto esplendor – aqui a lavra já é minha – acham-se uns verdeiros injustiçados.
O desenrolar da conversa continuou, afirmando aquela que se emana instruções, os docentes queixam-se de que são tratados como meros alunos; senão enviam é porque não fazem o trabalho de casa. É caso para dizer que tanto faz levar o burro – salvo seja – à água como não. Porrada é sempre certa! E deram um exemplo. Para as reuniões de avaliação do final do ano, a determinada altura, afirmam ser dever dos directores de turma “………”. Ora, logo um coro de críticas se levantou, dizendo estes que, de antemão, sabem – aliás, sempre o fizeram – que devem entregar todos os documentos devidamente em ordem. Mais: que não se pode dizer a docentes com vinte, trinta ou mais anos de serviço, o que devem fazer, tintim por tintim, como fossem autênticas crianças.
Por outro lado, os docentes da secundária queixam-se que, logo às 8:30 horas, o director se passeia pelos corredores, qual polícia, - onde é que eu já ouvi isto? – sem que faça o mesmo noutros estabelecimentos de ensino pertencentes ao agrupamento. Caramba, uma pessoa já não pode deambular por onde quer? Tem que ser por onde os outros querem?
Sei que se falou muito mais, num desfiar de rol de queixas e azedumes até mais não. Infelizmente não me recordo de tudo.
A verdade é que, de repente, acordo e observo que tudo, afinal, não tinha passado de um sonho.