Nos últimos dias tem-se falado muito da diminuição do insucesso escolar registado, principalmente, em 2013/14 e 2014/15. Pois bem, mesmo assim, o actual governo é de opinião que a taxa de insucesso ainda é muito alta e apresenta como objectivo final – a palavra meta foi considerada maldita – a retenção zero, pelo que direi que o melhor é, sem exagero, um dia destes darem às crianças, logo à nascença, o canudo da licenciatura, quiçá mesmo do doutoramento.
É por demais sabido que a regeneração depois de um forte impacto é lenta, mas absolutamente necessária. E é demorada porque exige uma avaliação dos danos, mas mais do que isso uma reinvenção tendo por base a (re)aprendizagem após insucesso. Olhar para onde e como se falhou é repensar prioridades e estratégias. O pós-insucesso é uma fase mais ou menos longa, mas indispensável, repito, e que não se deve cingir à estatística de curto prazo, que é ainda, obviamente, desanimadora. É certo que ainda não existia uma proporcionalidade entre a criação e cessação, o que não permite equilibrar rendimentos ou desempenhos. Mas lá iriamos.
Contudo, e apesar disso, também olhando para os números, o gap já não é um fosso enorme, parecendo, assim, que lentamente o tecido escolar estava a entrar em fase de renascimento. Por isso, o argumentário contra a existência de exames no quarto e sexto ano de escolaridade cai por terra e muito menos entendo a fúria contra uma evidência do dia-a-dia das escolas, i.e., a existência de alunos que não estudam e, pior ainda, não deixam estudar, pelo que, na minha óptica, é da mais salutar lógica reprová-los. Caso contrário, beneficiamos o infractor.
Tirem da mão dos professores a “brasa” usada sistematicamente “se não estudares chumbas” e será, então, o descalabro total. E não me venham com a cantilena que existem países mais evoluídos que nós onde os alunos até ao nono ano não reprovam. Nós não somos os países nórdicos e muito menos acredito na importação de medidas para aplicar género “chapa 5”. Estou cansado de experimentalismos dos cientistas da educação!