O meu ponto de vista

Junho 09 2016

Sim, é muito nosso. Por vezes acho que somente nós somos assim. Os sentimentos dos portugueses vão oscilando, como uma onda viral, e alternando tendências entre Velhos dos Restelo e Padeiras de Aljubarrota. Entre o pessimismo, a resignação, o inconformismo e a esperança venha o Diabo e escolha. O certo é que, mal ou bem, lá vamos avançando como nas Naus Catrinetas.

Bem sabemos que introduzir números e estatísticas nos sentimentos dá normalmente mau resultado, mas a verdade é que havendo cada vez mais pessoas em dificuldades também temos mais multimilionários que há meia-dúzia de anos. Podemos falar de tendência de menor empregabilidade e da diminuição da criação de novas empresas, mas estaremos sempre a falar de médias. Aliás, se eu comer um frango e o meu caro leitor passar a refeição com o estômago a dar horas, a média é que ambos comemos meio frango.

Há realmente uma diminuição das ofertas de emprego, apesar dos vínculos e salários, aparentemente, serem, respectivamente, mais estáveis e maiores. A crise deixou de ser crise – pelo menos, no dia-a-dia, a palavra deixou o léxico corrente – e transformou-se em status quo. Nós, os humanos, como animais de fácil hábito, sujeitamo-nos a tudo e, como é lógico, os portugueses não fogem à regra.

Fundam-se poucas empresas e as que fecham é em maior número. Criam-se novos empregos e, pela lógica anterior, muitos mais desaparecem definitivamente. De modo algum estou seguro do índice de felicidade dos portugueses por verem as alternativas desaparecerem por todo o lado.

Entretanto, teremos de viver também com as exigências irrealistas de quem ainda não percebeu que direitos inalienáveis só mesmo os ligados è liberdade de opinião e que tudo fazem para, em nome de não sei de quê, transtornar a vida dos querem rumar para frente.

publicado por Hernani de J. Pereira às 20:26

Junho 08 2016

É público e sem margem para mais desmentidos. A recapitalização da CGD, banco público, vai custar aos contribuintes bem mais que o BPN e BANIF juntos e, como é óbvio, terá um impacto extraordinário e incontornável na dívida pública e/ou défice.

Todavia, para ser coerente é conveniente perguntar: onde estão as vozes esganiçadas da esquerda e extrema-esquerda a gritar contra mais um atentado aos nossos bolsos? Com toda a certeza, todos se recordarão do clamor e da vozearia que se levantou e ainda ecoa relativa aos casos BPN, BES e BANIF.

Agora? Nem piam! E quando alguém diz que a gestão da CGD necessita de ser averiguada, uma vez ser indiferente público ou privado, o que importa, sim, é o dinheiro dos contribuintes, aqueles grupelhos políticos nem querem ouvir falar de tal. Resumindo: quando se trata de uma instituição pública, esta pode desbaratar o dinheiro de qualquer modo e com todo o bandalho que apareça. Não há problema algum. É gestão pública! Problema existe e todos os impropérios são lançados quando é privada! Como se para nós, pagantes, fosse diferente para onde vai o nosso rico dinheirinho, i.e., se vai para os bolsos dos privados ou dos privilegiados do sector público.

A CGD tem a sede mais luxuosa da maioria dos bancos europeus? Isso não importa. São trocos. A CGD teve como administrador esse grande conhecedor do meio financeiro, chamado Armando Vara, o tal que deu aval ao empréstimo de 100 milhões de euros ao empreendimento Vale do Lobo – inserido até às orelhas no caso Sócrates - e não há responsabilidades? Ah, invejosos! A CGD financiou, entre tantos outros, sem o mínimo de garantias, o Joe Berardo para este “assaltar”, em termos de aquisição de acções, o BCP, ficando a “arder” com centenas de milhões de euros? E isso que importa? É um banco público e está tudo dito.

Por último, e uma vez que a esta entidade bancária apresenta uma situação financeira francamente positiva, o número dos seus administradores foi aumentado para, nada mais nada menos, dezanove elementos. Para além disso, o tecto salarial, o qual, o actual presidente já estava isento, deixará de surtir efeito para todos os restantes. Maravilhoso!!!

publicado por Hernani de J. Pereira às 21:05

Junho 06 2016

Costumamos ouvir que na tropa a antiguidade é um posto. Bem, hoje-em-dia na função pública e na maioria das empresas estatais isso também se verifica. Ainda agora, por ocasião do acordo entre os estivadores e as entidades patronais, tal esteve em cima da mesa e foi aprovado e passado a escrito.

Rigor e atitude são dois pilares fundamentais para a meritocracia, algo que muito tenho discutido ultimamente. Rigor no sentido da transparência e da forma como é comunicado e implementado o processo de avaliação. Atitude porque numa organização de alto desempenho, este vai ser um factor a considerar quando talentos concorrem pelo mesmo lugar.

A ambição, a motivação, a dedicação e até a “raiva” positiva de querer constantemente mostrar que se é o melhor candidato, a melhor escolha, no fundo, o eleito de entre os eleitos. A esta competitividade e nível de performance a instituição tem de responder com uma estratégia de retenção de talento, de engagement com projectos ou, simplesmente, tem de compreender que aquele talento vai acabar por “voar” para onde consiga desenvolver o seu potencial.

As pessoas são “máquinas” fabulosas que vão para além do mero livro de instruções ou de qualquer programação inata. As pessoas competem e procuram reconhecimento. Mas num país onde a maioria, pelo menos aquela que se exprime publicamente, não quer saber de avaliação, quer seja na fase recrutamento ou já na hierarquia da organização, a selecção infelizmente não é exclusivamente baseada em factores tangíveis, mas tendo em consideração essa subjectividade e a componente emocional que se traduz em menor valor para a organização.

publicado por Hernani de J. Pereira às 21:23

Junho 02 2016

Hoje em dia, por tudo e por nada, é costume encher-se a boca com a bonita expressão “as pessoas não são números”. Porém, apesar de não devermos confundir a árvore com a floresta, é conveniente atentarmos naqueles.

O número de desempregados, ainda que nos últimos tenha vindo a decrescer – hoje, parece que a tendência se inverteu -, é avassalador. Só alguém muito distraído não se apercebe dos milhares de pessoas que integram a fileira de desempregados não empregáveis e que, permanecem, ano após ano, desenquadrados de qualquer subsídio.

Por isso não estranhamos (!!!) quando se afirma que se passa fome em Portugal. E são muitos os que entram nesta estatística.

Mas como as pessoas não são números, tal como dizia no início desta crónica, não me apetece analisar números mas sim o grande problema social que se passa na porta ao lado da nossa. Enquanto os políticos digladiam sobre a quantificação de tal flagelo, sem o resolverem, há que destacar o papel de entidades como a Cáritas, o Banco Alimentar, a Comunidade Vida e Paz, a Serve the City, entre tantas outras, que têm, quase anonimamente, feito o que nos foi dito “dai-lhes vós de comer”! Bebamos, então, estas palavras em vez dos números.

publicado por Hernani de J. Pereira às 22:57

Análise do quotidiano com a máxima verticalidade e independência possível.
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