Sim, é muito nosso. Por vezes acho que somente nós somos assim. Os sentimentos dos portugueses vão oscilando, como uma onda viral, e alternando tendências entre Velhos dos Restelo e Padeiras de Aljubarrota. Entre o pessimismo, a resignação, o inconformismo e a esperança venha o Diabo e escolha. O certo é que, mal ou bem, lá vamos avançando como nas Naus Catrinetas.
Bem sabemos que introduzir números e estatísticas nos sentimentos dá normalmente mau resultado, mas a verdade é que havendo cada vez mais pessoas em dificuldades também temos mais multimilionários que há meia-dúzia de anos. Podemos falar de tendência de menor empregabilidade e da diminuição da criação de novas empresas, mas estaremos sempre a falar de médias. Aliás, se eu comer um frango e o meu caro leitor passar a refeição com o estômago a dar horas, a média é que ambos comemos meio frango.
Há realmente uma diminuição das ofertas de emprego, apesar dos vínculos e salários, aparentemente, serem, respectivamente, mais estáveis e maiores. A crise deixou de ser crise – pelo menos, no dia-a-dia, a palavra deixou o léxico corrente – e transformou-se em status quo. Nós, os humanos, como animais de fácil hábito, sujeitamo-nos a tudo e, como é lógico, os portugueses não fogem à regra.
Fundam-se poucas empresas e as que fecham é em maior número. Criam-se novos empregos e, pela lógica anterior, muitos mais desaparecem definitivamente. De modo algum estou seguro do índice de felicidade dos portugueses por verem as alternativas desaparecerem por todo o lado.
Entretanto, teremos de viver também com as exigências irrealistas de quem ainda não percebeu que direitos inalienáveis só mesmo os ligados è liberdade de opinião e que tudo fazem para, em nome de não sei de quê, transtornar a vida dos querem rumar para frente.