“Onde vos retiver a beleza de um lugar, há um Deus que vos indica o caminho do espírito”
Natália Correia
Ah, este tempo! Como ontem ouvi dizer: “mais um dia de chuva e frio e começo a montar o presépio e árvore de Natal”! Poucos ou nenhuns não têm razão de queixa. Não admira, assim, o recurso à memória. E esta conduz-nos à saudade do sol, das visitas por este Portugal, dos longos dias passados à beira-mar, das passeatas pelas serranias e dos piqueniques à sombra de um denso arvoredo em dia solarengo.
Uma vez que este tempo agreste nos torna nostálgicos, mas também porque ansiamos avidamente por aquela tranquilidade que apenas o sair de casa em dia de sol nos dá, andamos macambúzios, senão mesmo algo transtornados.
É permanente o convite à meditação, pois é o caminho que leva o espírito a evadir-se e a suplantar-se. Enfim, talvez por mil e uma outras razões que não conseguimos enxergar, ansiamos por terras que dão frutos. Terras serenas, calmas e tranquilas onde, no seu ventre, se esconde uma natureza telúrica bem diversa.
Também dos serenos homens e mulheres, na sua maioria pessoas de firmes convicções, cuja generosidade sem limites faz delas epicentro que revolucionam o nosso dia-a-dia, ansiamos contacto. Para bem delas, sobretudo do nosso, necessitamos de os incluir nas nossas deambulações e, deste modo, compreender melhor porque nasceram em terras de largos horizontes.
A essas dedico estas linhas, para que, quando contemplar as planícies, os penhascos, as paisagens verdes pinceladas de rosa ou os cimos das montanhas, os quais, a uns, transmitem uma energia quase sobrenatural, a outros, esmagam, as possa incluir em próximos encontros.