O meu ponto de vista

Maio 30 2016

É costume dizer que tudo o que fazemos, mesmo as coisas mais ínfimas, é política. Por isso, reflito, analiso, falo e escrevo tanto. É uma necessidade vital, quase como respirar.

Com o emprego, desemprego, austeridade ou abundância, os acontecimentos dos último anos, em termos de instabilidade, insegurança e imprevistos mais ou menos trágicos, levam-nos a pensar sobre o modo como percecionamos e sentimos os problemas sociais.

Por exemplo, os atentados em Paris mobilizaram o mundo, principalmente o ocidental. Mas pergunta-se do porquê de nos chocarem mais do que milhares de pessoas, eminentemente cristãs, embora de outras raças, que têm sido assassinadas nos últimos tempos noutros pontos do globo.

A diferença do choque e do sentimento está directamente ligada ao que consideramos ser nosso e dos outros. Assim, o “nosso” desemprego é um problema. O dos “outros” quase não passa de mera estatística.

Os despedimentos têm sido no sector privado. As greves, porém, são no sector público. Os jovens têm de procurar trabalho no estrangeiro. Os não jovens não têm onde procurar. E muitos outros exemplos poderiam aqui ser dados.

São quatro décadas as que nos separam de Abril de 74. Contudo, como tantas coisas mudaram e tantas se mantêm iguais no universo individual! Trata-se, no fundo, do paradigma económico que nos rege, o qual, apesar de moribundo, ainda respira: nunca pensamos nos outros. E os outros somos, também, nós!

publicado por Hernani de J. Pereira às 23:06

Maio 28 2016

É necessário que aqueles que, ano após ano, obtêm bons proveitos, independentemente do seu desempenho, também exponham queixas e mazelas, denotando um mal-estar, ainda que hipócrita, para que os que, verdadeiramente, se encontram na “mó de baixo”, não possam, de modo algum, guetizarem-se e, desta forma, em conjunto ou individualmente, erguerem-se e rebelarem-se contra aqueles.

Nos primeiros englobo, de entre muitos outros, os estivadores, os trabalhadores dos transportes urbanos de Lisboa e Porto, bem como da CP e TAP, aqueles a quem Vital Moreira designa de “aristocracia operária”, enquanto nos restantes estão os trabalhadores de salário mínimo do interior do país – leia-se tudo o que existe para além daqueles grandes centros urbanos – e sobretudo os desempregados, para os quais, estranhamente ou nem tanto, nos últimos seis meses, não se houve uma palavra deste governo e quejandos da esquerda radical que o apoiam.

A história e a própria psicologia de massas ensina-nos que as aludidas estratégias são muito bem estudadas e colocadas cirurgicamente em marcha. Contudo, aquelas áreas do saber também nos dizem que, mais cedo que tarde, tais tentativas de manipulação de consciências são claramente expostas e aí o “feitiço virar-se-á contra feiticeiro”.

publicado por Hernani de J. Pereira às 21:47

Maio 27 2016

Sim, recordo-me bem, que me dizias que o Mundo não necessitava de um Salvador. Todavia, todos os dias, ouças as pessoas à minha volta a gritar por um.

Mais: todos nascemos com muitos desejos, mas a verdade é que morremos apenas com. Não é difícil adivinhar qual é!

publicado por Hernani de J. Pereira às 22:54

Maio 25 2016

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 A diferença é que uns admitem a liberdade de expressão, enquanto outros por acharem que são intocáveis ... vão para tribunal, uma vez que, para já, não os podem enviar para um goulag da Sibéria!

publicado por Hernani de J. Pereira às 22:54

Maio 24 2016

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 À medida que percorro o passeio ribeirinho, coloco os olhos na calçada: as pedras negras e brancas sugerem as linhas que um velho lobo-do-mar riscou na areia da praia, para contar uma aventura imensa que envolve heróis e fantásticas figuras marinhas, tempos de bonança e de tempestades, histórias felizes e cruéis.

Levanto o olhar e reparo nos barcos que ainda persistem na praia, voltados de casco para cima, porque a faina do mar começou muito cedo. Reparo na tez morena de quem enfrenta o sol, o vento e o ar marítimo, as tempestades, as ondas, a força de quem puxa as redes do mar fundo…

A hora do almoço aproxima-se e começo a sentir o aroma do peixe na grelha, dos petiscos e das caldeiradas que apuram ao lume. A um deles nos dirigimos …

Depois, é tempo de voltar à estrada. Os pinheiros mansos descem ao longo da encosta da colina, ensombrando os caminhos de terra que culminam num talude, feito de troncos de madeira, que alongam o caminho a perder de vista. A separar-nos da estrada, do lado direito, há canteiros de flores e plantas aromáticas, típicas das regiões mediterrânicas.

De vez em quando o rio espreita por entre as casas construídas ao longo da costa, onde as águas e o mar já se misturam. E, chegados ao fim do dia, numa das casas repousamos.

A noite, sim a noite, essa é apenas nossa!!!

publicado por Hernani de J. Pereira às 22:44

Maio 23 2016

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De acordo com o divulgado, o Ministério da Educação (ME) vai, no próximo ano lectivo, lançar um programa de professores-tutores para acompanharem fora do horário das aulas crianças com duas ou mais retenções. A medida - cujo custo máximo será de 15 milhões de euros - foi anunciada, no Parlamento, pelo respectivo titular da pasta, durante uma interpelação sobre educação agendada pelo CDS-PP.

Aos jornalistas, no final dos trabalhos, Tiago Brandão Rodrigues assumiu que o novo programa é uma ruptura com os cursos vocacionais do básico, implementados pelo anterior governo, que já não abriram turmas iniciais e serão extintos no final do próximo ano lectivo. Tal como nesses cursos, os alunos encaminhados para estas tutorias terão idades a partir dos 12 anos e duas ou mais retenções. Mas o ministro explicou que, ao contrário desses cursos - que classificou de "infeliz experiência pedagógica" -, as tutorias não implicam "a segregação" dos alunos e sim um "reforço" do acompanhamento que estes recebem, independentemente de estarem integrados em percursos regulares ou alternativos do ensino básico. "Estes alunos poderão ir pela via convencional, ou poderão ir por algum destes rumos. [As tutorias] serão um complemento à sua formação normal no 2.º ou 3.º ciclo", disse.

Ora, quem, como eu, se recorda muito bem dos idos 2009-2011, sabe perfeitamente o valor das aludidas tutorias, as quais, diga-se em abono da verdade, ainda se encontram em vigor, pois a legislação que as suportava não foi revogada. E se as mesmas deixaram de ser sugeridas pelos conselhos de turma e demais estruturas pedagógicas e, por isso, posteriormente não colocadas em prática, é porque se chegou à conclusão que as mesmas eram completamente ineficazes.

Este vosso escriba, à semelhança de muitos outros, sabe de cor e salteado o nome dos discentes que tutoreou, bem como a inutilidade de tantas horas gastas e do sacrifício colocado em jogo. Nessa ordem de ideias, está perfeitamente à vontade para afirmar, com voz grossa que o caracteriza, que tal apoio é uma das maiores falácias que com que o ensino, durante os governos PS, já se prostituiu.

Jamais se encontrará um aluno que ao fim de duas ou três retenções, com tutoria ou outro qualquer tipo de apoio, evolua no sentido pretendido pelos “eduqueses” do ME. Posso reconhecer que, por vezes, aos 12 ou 13 anos será contranatura predestinar o percurso “final” de um aluno. Todavia, aos 14 ou 15 anos é impossível mudar o rumo e, assim sendo, só uma saída pré-profissional, vocacional, ou outra similar – chamem-lhe o que quiser – é aceitável para o aluno, para a família e, sobretudo, para a escola e para a sociedade.

publicado por Hernani de J. Pereira às 20:09

Maio 20 2016

Há dias em que a auto-estima cai. Nesses momentos temos de nos agarrar uns aos outros e pensar que estamos juntos. Pensar que o meu objectivo já está traçado e há que o cumprir e, se possível, da forma mais feliz. Por outro lado, há sempre alguém que nos inspira e é graças a e esse(s) que tenho o dever de também haurir os outros. Ninguém deve correr sozinho.

Costuma-se dizer e é uma verdade insofismável: o futuro é uma grande incógnita e a Deus pertence. Tudo pode acontecer. E é nesse eventual inesperado que reside a magia da vida. Há dias em que penso: porque é que estou a fazer isto? Se está a ser um sofrimento, porque continuo? Mas, depois, reflicto e digo: vá lá, só mais uma tentativa. É um dia de cada vez. Um pé à frente do outro, mais uma corrida, mais uma etapa vencida.

Procuro que não haja dramas. Aliás, este é um tempo em que não existe espaço para tal. Não vale a pena ter ilusões. É preciso apostar na prevenção e esta passa por saltar por cima – perdoem-me o pleonasmo – do sentido de “todo o terreno” que a vida me «obriga» a ser.

Esqueçam as recomendações que têm para me dar. Há muito que as sei de cor e sou imune às respectivas consequências. Por outro lado, descansem na vossa busca, uma vez acreditar na não existência de terapia para tal.

publicado por Hernani de J. Pereira às 23:34

Maio 19 2016

Como costuma o nosso bom povo dizer: quando a esmola é grande até o pobre desconfia. Assim é, no que concerne às 255 medidas “simplex” para facilitar a vida aos portugueses. Se fossem cinco, vá lá, quanto muito, dez, ainda acreditava. Agora 255? É que não se ficam pelo número redondo, certinho, das 250! Avançam mais cinco. É obra!

Pelo que ouvi e, sobretudo, pelo que li, algumas fazem sentido e cumprem os objectivos. Outras, porém, são redundantes e jamais terão a adesão que se propaga aos quatro ventos. De repente, salta-me à vista uma, a qual foi proposta e ganha por uma empresa de inovação, destas todas hi-tec. Ou seja, coloca nos nossos smartphones a possibilidade de receber uma notificação de uma dívida, de um imposto, de uma taxa para pagar ao Estado e, deste modo, podermos liquidar tal logo a seguir. Idiotas! Alguém, no seu juízo perfeito, não espera para os últimos dias para pagar? O quê? Vai entregar, de imediato, dinheiro ao Estado, esse esbulhador do nosso suor, quando tem, por exemplo, um mês ou mais para o fazer?

Engraçado, ou nem tanto, é que a empresa que venceu o concurso para a melhor ideia – se isto é a melhor ideia, vou ali e já venho – irá receber dez cêntimos por cada pagamento. Esta última parte, sim, é que é uma grande e óptima ideia. Para a empresa, claro!

Por último, uma ideia fixa: por muito que queiram as vacas não voam mesmo!

publicado por Hernani de J. Pereira às 21:36

Maio 18 2016

As decisões que o Colégio de Comissários da CE hoje tomou relativamente a Portugal não apanharam ninguém de surpresa. Todos sabíamos que iriam e irão ser necessários ajustes ao nosso modo de viver quotidiano. O Presidente da República, na continuação de muitos outros comentadores, incluindo este vosso pobre escriba, ontem mesmo, começou a desbravar o terreno. De mansinho, docemente, se vai preparando o “Zé Povinho” para o aumento da dureza do nosso viver.

Todos o sabem, mas ninguém o quer afirmar de viva voz e muito menos em bom som. Aliás, em artigo anterior já referi que o governo tem algo preparado e pronto para levar à acção. Bem sabemos que a culpa jamais será assumida por este (des)governo, fruto das suas medidas inapropriadas, mas sim da má conjuntura internacional, das condições impostas pela CE, da meteorologia, etc., etc.

Ah, já agora, de nada vale António Costa dizer que não vai aplicar as medidas hoje preconizadas por Bruxelas. Ai vai, vai!

publicado por Hernani de J. Pereira às 21:47

Maio 17 2016

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 Não era necessário ser bruxo para adivinhar que o S L Benfica iria ser campeão, uma vez que difícil, difícil seria não o ser. É que depois de tanto colinho mal parecia. De qualquer modo, parabéns.

Os dirigentes encarnados aprenderam que não é na rua, nos media, por muito que se berre, que os campeonatos se ganham. É, sim, na sombra, manejando os cordelinhos da arbitragem e, sobretudo, no envio sub-reptício das famosas malas que ninguém vê mas que toda a gente sabe que existem.

publicado por Hernani de J. Pereira às 20:40

Análise do quotidiano com a máxima verticalidade e independência possível.
hernani.pereira@sapo.pt
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