Quem cabras não tem e cabritos vende … Este é o velho ditado, aplicado a muitas situações – usado, inclusive, no processo movido a Sócrates – e que, à semelhança de muitos outros, é, tanto na ordem jurídica como na política, inteiramente correcto.
Ora, este provérbio veio-me à memória a propósito dos últimos desenvolvimentos político-económicos lavados a cabo por este governo. O desenvolvimento sustentável está em queda, para além de bastante longe do previsto, pelo que é recomendável a revisão de todas as metas e acautelamentos no que respeita ao alcançar ou não os objectivos programados. E, apesar, de todos os avisos emitidos pela CE, FMI, BdP, UTAO, entre outras, António Costa continua a apostar – compreende-se bem porquê, i.e., os parceiros políticos, que sustentam o governo, assim o exigem – na continuidade, (re)afirmando que tudo continua debaixo de controlo e de acordo com a conjectura prevista.
Dito de outro modo: continua a distribuir cabritos sem ter cabras. Que é bom pastor, ninguém duvida. Veja-se a sua habilidade em transformar uma grande derrota em modo de governar o país. Todavia, uma coisa é ser um político arguto e capaz de tecer as jogadas mais arriscadas. Outra coisa, contudo, é transformar rosas em pão.
Por isso, para além de cortes na despesa, haverá aumento de receita. Dou a mão à palmatória, acreditando que não será, esta última, obtida através de impostos directos, mas que será de outra forma, isso não tenho a menor dúvida. Argumentos nunca faltaram e jamais faltarão aos políticos para justificar o injustificável.