Recordam-se de há cerca de meia dúzia de anos ou nem tanto um então alto dirigente do PS ter afirmado que “quem se mete com o PS leva. Acostumem-se!”? Hoje, um ministro, neste caso o da Cultura, João Soares, também prometeu cumprir uma promessa feita há 17 anos, i.e., dar duas boas bofetadas a dois críticos – Augusto M. Seabra e Vasco Pulido Valente -, os quais escrevem regularmente no “Público”. Como se pode depreender tal sintomatologia não vem de agora e, para além disso, prova à saciedade que não cumpre as promessas, algo que todos já sabíamos. Fora a ironia, esperamos, para bem de todos, que, mais uma vez, não cumpra esta.
É um facto indesmentível: alguns socialistas, e não são assim tão poucos como isso, convivem muito mal com a crítica. Adoram que os bajulem, que lhes batam nas costas, enfim, que lhe estendam a passadeira, de preferência vermelha. Quando são criticados é o Diabo. Amuam, proferem os mais sórdidos impropérios e, pior ainda, partem para a ameaça física.
A culpa, porém, não é totalmente dele. Grande parte advém da costela paterna que, a partir do momento em que se convenceu que era o pai da democracia, tudo fez e tudo lhe foi perdoado. Lamento apenas que a saudosa mãe já não esteja entre nós, pois, essa sim, era senhora para lhe dar dois tabefes que só lhe faziam bem.