O nosso povo costuma, e muito bem, dizer “muitas graças a Deus, poucas graças com Deus”. Apesar de haver muitos que não são praticantes, o certo é que a esmagadora maioria, superior a 90%, declara-se católico e, por conseguinte, acredita em Jesus Cristo como filho único do Altíssimo.
Aliás, conheço muitos que dizendo-se não crentes, em momentos de aflição a primeira coisa que fazem é rezar e até, em última instância, prometem isto e aquilo a Deus e aos santos.
Somos um povo de matriz judaica-cristã, algo inegável e que, para desespero de uns poucos, faz parte integrante do nosso ADN. Refutar isto é negar a nossa história.
Por princípio sou adverso a tabus e adoro uma boa discussão filosófica, onde a religião e a cultura poderão estar incluídas, desde qua mesma seja feita num espírito de urbanidade. Todavia, existem assuntos sobre os quais não admito discussão e muito menos ofensa. Refiro-me concretamente, mas sem proselitismo, à crença religiosa de cada um, à ideologia política, à família e à bandeira. Posso não concordar e, por isso, sou livre de achar que aquela ou aqueloutra pessoa professa o credo errado, politicamente está equivocada, pertence a uma família inadequada aos padrões comummente aceites pela sociedade e o país cuja bandeira defende se encontra nos antípodas dos valores que defendo. Discordo e sou capaz de lho dizer cara-a-cara, mas não deixo de a considerar como ser humano e jamais me passa pela cabeça ofender os seus apreços.
Para o Bloco de Esquerda (BE), porém, nada destes valores, desta atitude e postura, deste modo de ser e estar tem qualquer valor. De tudo ri, escarnece e se serve para atingir os seus vis objectivos. É um baralhar perseverante e um novo dar de cartas permanente. Tudo é colocado em causa e tudo serve para fracturar, fazendo gala de serem constantemente elefantes mesmo que se encontrem em lojas de porcelana!
De modo algum posso calar a revolta que me assola de cada vez que olho para o cartaz por estes dias tronado público por aquela força política. É de uma baixeza, de um desmando atroz e uma afronta a todos os que acreditam em Cristo.
Liberdade de expressão sim, mas mesmo esta tem os seus limites. A minha liberdade termina quando começa a do outro, costuma-se dizer e com verdade.
Não sei se existem cristãos militantes no BE. Votantes presumo que sim. Gostaria de saber como se sentem ao admirar tal propaganda a propósito do fim da discriminação da lei da adopção.