De acordo com o que li o outro dia, parece que a primeira greve, de que há conhecimento na história, terá ocorrido por volta de 1170 aC, no antigo Egipto, quando, por falta de pagamento, os operários que construíam uma pirâmide que ia servir de túmulo a Ramsés III se recusaram trabalhar.
Entretanto, passaram mais de três mil anos e, como é óbvio, muita água passou debaixo das pontes. Assim, não admira que as relações sociais muito se tenham alterado. Nos nossos dias, quando se pensa que já pouco nos irá surpreender, eis-nos no mundo da politiquice e abrimos a boca de espanto com algumas declarações dos responsáveis sindicais, as quais se podem resumir em quanto pior melhor.
Quando os vemos na televisão parecem-nos boas pessoas. No que concerne às intenções é que o caso muda de figura. O facto de na maior parte das vezes provocarem ao Estado ou às empresas avultados prejuízos, na ordem das dezenas de milhões de euros, não os preocupa e raramente lhes retira o sorriso seráfico que ostentam.
Então as greves no sector dos transportes, hoje um tanto esquecidas, mercê do actual governo ter cedido em praticamente toda a linha, são de uma hipocrisia extraordinária. Sabem muito bem que aquilo que fazem se deve ao caso das empresas serem públicas, já que se fossem privadas há muito que não reivindicavam nada pois estas tinham entrado em falência.
Não coloco, de modo algum o direito à greve. Só que este deve ser usado em ultíssimo recurso e não como arma de arremesso político.