O outro dia ouvi algo sobre as oportunidades que a vida nos oferece, as quais, na maior parte das vezes, não nos apercebemos da sua existência ou, pura e simplesmente, as desperdiçamos. E o exemplo era pragmático: “enquanto uns choram, outros têm de produzir lenços”.
Em boa verdade, um dos nossos maiores problemas é o facto de não existir uma cultura efectiva de desenvolvimento, aproveitamento e de validação da formação técnica e tecnológica. As medidas, neste âmbito, têm servido, fundamentalmente, como paliativo e jamais como tratamento eficaz.
Sei, por dever de ofício, do que falo. Por muito que se procure adequar a formação às competências das pessoas e às necessidades do mercado, se os usuários se recusam sistematicamente a aproveitar as oportunidades que lhes são literalmente “servidas em louça fina”, então não existe solução que lhes valha.
Não nego que muitos dos programas de formação resultam em medidas generalistas, gerando algum descrédito na sociedade. No entanto, se os próprios interessados nada, mas mesmo nada, fazem para inverter aquela impressão, nesse caso é que tudo está perdido. E tanto dinheiro gasto sem a menor utilidade!
Salvam-nos aqueles, os quais, felizmente, ainda são a maioria, embora escassa, pretendem ser formados e possuírem maiores habilitações e novas experiências.
É que, na prática, a utilidade depende da forma como depois é potenciada pelo beneficiário e encarada pela sociedade.