No que concerne ao âmbito nacional, não contando a ordem cronológica, distingo
- A prisão de José Sócrates pelo que representou e ainda representa no panorama político-partidário. Não haja dúvida que este caso deu brado e continua a dar que falar, uma vez que a sua repercussão é uma espécie de espada de Dâmocles constantemente colocada sobre a cabeça do PS. A ver vamos quem vence: se o ex-primeiro-ministro ou se a justiça, a qual, após o PS ter chumbado a proposta de lei do enriquecimento ilícito, tem que provar se houve ou não iniquidade por parte daquele. Todavia, mesmo que acabe ilibado por não se provar a(s) ilegalidade(s), aos olhos da maioria dos portugueses já é culpado. Eu sei que não deveria ser assim, mas é a vida!
- O caso BES pelo terramoto que provocou naquele que era o maior banco privado português e, sobretudo, por acabar com o mito de que os banqueiros portugueses eram algo acima de qualquer suspeita. Afinal, não passam de uns vigaristas de meia-tigela, os quais sempre estiveram nas tintas para quem confiava neles. Mais: agora até parecem ratos em navio a afundar-se, pois é triste vê-los abandonarem familiares e velhas amizades, através das quais usufruíram, durante décadas, milhões e milhões, sem assumir culpas do que quer que seja. Ainda acabaremos por ver que os culpados da derrocada deste grupo financeiro foram o recepcionista e a mulher de limpeza!
- O juiz Carlos Alexandre pela coragem e, principalmente, por dar uma réstia de esperança aos portugueses, fazendo-os crer que ainda há quem procure fazer justiça neste país, merece, sem dúvida, o devido realce. O magistrado que mandou prender Ricardo Salgado e José Sócrates demonstrou que ninguém está acima da lei e já é, para a uma larga fatia dos portugueses, um herói. Espero que não tenha pés de barro e muito menos rabos-de-palha.
- A corrupção pela sua extensão e, particularmente, pela sua percepção. Hoje-em-dia os portugueses sabem que, deste a autarquia mais pequena, passando pelo serviço público mais insignificante, até chegar à cúpula da governance política-financeira, a corrupção estende-se mais depressa que o pior vírus que, de vez em quando, por aí ataca. Aliás, não é por acaso que corrupção foi escolhida pelos portugueses como a palavra do ano.