Sempre defendi a competitividade, uma vez crer que a mesma é salutar para que assim se realcem os melhores. Todavia, a competitividade apenas per si e a aceleração do desenvolvimento, aliada ao incremento da reivindicação das pessoas, bem como a recusa em tratar estas como valor acrescentado, numa atitude simplista – não confundir com simplória - de “nós é que sabemos”, leva ao maior dos desperdícios.
Ano após ano é sempre o mesmo. Já vem de há imensos anos. De há muito se conhecem as suas apetências para voos mais altos, apesar de as descidas serem cada vez mais acentuadas. Não aprendem, pois tal estás-lhes, como se costuma dizer, na massa do sangue. E, como é evidente, sem apelo nem agravo, caem amiúde em desgraça.
Porém, num ápice, qual passe de mágica, começam, pelos cantos ou nos corredores, as conversas de enleio e as palmadinhas nas costas. É fácil adivinhar o que, entredentes, em voz sussurrantes, dizem.
- Têm inteira razão, pois é necessário dobrá-los. Não se esqueçam que já lá diz o ditado “é de pequenino que se torce o pepino”.
E se lhes retorquem
- Sim, sim, mas somos nós que temos o “rabo” entalado e nos pedem responsabilidade. Publicamente são poucos, para não dizer nenhuns, os que nos defendem. Alguns, estamos certos, até gostam!
As respostas, porém, não tardam
- Não é verdade. Isso, quanto muito, são os “graxas” do costume. E, depois, não se esqueçam que existem sempre aqueles que, na maior parte das vezes, querem agradar a gregos e a troianos. Recordem-se que “há sempre alguém que diz não”!
Claro que os diálogos se sucedem, com maior ou menor variação, mas todos condizentes, já que aqueles que acham ou têm a certeza que, no fundo, há lugar para a crítica e, porque não dizê-lo, para a legítima indignação, por pudor e, sobretudo, para evitar chatices calam-se.
Voltando ao cerne da questão, esta prende-se fundamentalmente com o facto de aqueles não quererem descer às bases, se acharem o suprassumo, isentos de erros e, acima de tudo, não merecedores de qualquer reparo.
Para que as organizações e as suas estruturas internas tenham uma visão global e simultaneamente integradora é necessário acabar com os estigmas sociais que afectam alguns. É preciso que as pessoas vejam o trabalho como oportunidade de sentirem novas experiências e deixarem de querer ser, elas próprias, exclusivos motores de inovação.