A riqueza que constitui o património de uma escola pode e deve evitar o triste destino de recurso fácil para salvar situações de aperto momentâneo. Ou, dito por outras palavras, a necessidade de afirmação, tão necessária aos alunos e respectivas famílias, bem como à restante comunidade escolar, principalmente no que respeita ao tecido empresarial, não pode passar pela constante alienação da sua herança. Bem pelo contrário.
O trabalho profícuo, o empenho cada vez mais dedicado, a entrega total tem que ser o pão-nosso de cada dia. Os bons resultados não são fruto de sorte, tanto mais que esta, como se sabe, dá muito trabalho a alcançar.
Neste fim-de-semana foram, como todos anos é habitual nesta altura, divulgados os resultados dos exames nacionais efectuados em 2014. E, como seria de esperar, eis a análise, ainda que com relevância local, a qual não quero deixar de dar a conhecer aos meus caros leitores. Vale aquilo que vale, mas que eu saiba é a única publicada nestes termos. Mais: ninguém é obrigado a ler.
Dizer que, no 4º, 6º, 9º e secundário, as escolas posicionadas nos primeiros lugares – e não são tão poucas assim – são privadas é “chover no molhado”. Bem mais importante é saber e tentar assimilar o porquê, algo que poucos estarão interessados. Aliás, demagogicamente, muitos outros há que, como se costuma dizer, têm raiva a quem, seriamente, pergunte.
Vamos, porém, aos dados que mais nos dizem respeito, começando pelos mais pequenos. Aqui não posso deixar de sentir alguma preocupação pela Escola de Barcouço, local onde me habituei a ver desempenho de qualidade com os consequentes bons resultados. Tal como uma andorinha não faz a Primavera, um ano pode não explicar tudo

No concernente ao 6º ano, nota-se uma inversão acentuada entre as Escolas de Pampilhosa e de Mealhada, com a agravante desta última ter realizado para cima do dobro das provas. Não sei, concretamente, qual o motivo de uma descida tão acentuada por parte da primeira, mas que deve levar os responsáveis a reflectirem seriamente não tenho a menor dúvida.

Olhando, agora, para o quadro do 9º ano, está ausente a admiração. A Escola da Pampilhosa, mais uma vez, destaca-se de um modo preponderante, havendo, sem dúvida, lugar à inflexão de procedimentos por parte das outras, tanto mais que o argumento económico-social dos alunos não colhe.

Já no respeitante ao 12º ano, como é óbvio, a comparação é feita com as escolas secundárias vizinhas que, por princípio, apresentam maior afinidade com Mealhada.
Posição em 2013 | Posição em 2014 | Escola | Média |
163 | 106 | Mealhada | 11,3 |
112 | 196 | Anadia | 10,54 |
194 | 250 | Cantanhede | 10,33 |
310 | 323 | Oliveira do Bairro | 9,91 |
E, aqui, em comparação com 2013, nota-se uma subida extraordinária, a qual não pode passar em claro. Bem sei que são necessários vários anos para tirar ilações consistentes. Todavia, tendo em conta a subida que se tem registado, sobretudo nos três últimos anos, o caminho trilhado parece-me, à priori e sem prejuízo de uma análise mais profunda, o correcto e digno de aplauso.
Por último, não achando despicienda a situação económica e social e o meio geográfico dos alunos, começa, porém, a cair por terra alguns mitos,entre os quais o de que apenas as escolas cujos discentes têm progenitores com boa posição financeira e que se situam nos grandes centros urbanos conseguem obter bons resultados. A corroborar estas palavras vejam-se os exemplos das secundárias de Arganil, de Macedo de Cavaleiros, de Mangualde, ou mesmo de Sátão, respectivamente nas posições 42, 61, 62 e 72.