Não é a primeira vez que abordo esta temática e, com certeza, não será a última. Desde já faço um ponto de ordem prévio: estou contra a municipalização do ensino, não pelas mesmas razões dos sindicatos, mas fundamentalmente pelo caciquismo que, infelizmente, ainda impera em muitos dos nossos concelhos.
Tal como estou contra o aumento de autonomia das escolas, essencialmente no que concerne à contratação de docentes, pelo amiguismo instalado e pela gestão clientelar implantada, na maior parte das vezes em claro atropelo à lei.
Igualmente em termos camarários o facciosismo imperante, não digo em todos os municípios, mas na maioria leva-me a ser totalmente contra. Por experiência pessoal, sei muito bem do que falo. Quando existe, neste âmbito, duas ou mais candidaturas em confronto, o factor de ordem política sobrepõe-se a tudo e a todos.
Igualmente já escrevi e volto a repetir: sei que senão todos, pelo menos a maioria dos concelhos deste país, tem pretensões a ser mini-governos, comandando dentro da sua área geográfica todos os domínios - saúde, educação, ambiente, transportes, polícias e até justiça - uma vez que tal lhes aumentaria, sem dúvida, o poder, ao mesmo tempo que teriam lugares para colocar os raros, mas ainda existentes, boys, os quais, actualmente e muito por força da lei, não conseguem alocar em prateleira dourada.
É evidente, que todos, sem excepção, juram a pés juntos que se tal pretendem é porque estão mais próximos dos cidadãos e, por isso, sabem o que é melhor para estes. Porém, tudo não passa de cantos de sereia, os quais, aliás, por em tempos terem sido escutados, deram origem aos enormes “buracos” financeiros que, como é do conhecimento geral, a maioria dos municípios hoje-em-dia apresenta. Recordam-se do que há vinte/trinta anos se dizia, i.e., que cada tostão – eram tempos do escudo – gasto por uma autarquia valia por três despendidos pelo poder central? Bem, foi o que se viu!
Já agora, e a talhe de foice, veja-se o exemplo dos funcionários das escolas que passaram para a alçada das câmaras. As escolas ficaram melhor? Não, bem pelo contrário, pois cada vez mais o número é menor, sendo que a quantidade de serviços aumentou, como seja o serviço a piscinas, pavilhões, cantinas, entre tantos outros.
E o mesmo sucede com a manutenção dos edifícios. A degradação constante, fruto da ausência de funcionários e de uma baixa acentuada de investimento, demonstra que a opção não foi a correcta.