As palavras não podem resumir-se a meros conjuntos de letras com diferentes timbres sonoros. Atender, individual ou colectivamente, às necessidades dos outros é um dever de solidariedade. Contribuir de forma altruísta, para mitigar os efeitos de uma doença ou de outra qualquer situação adversa é o que se espera de gente civilizada.
Não é novidade e muito menos é dramático, mas, com toda a sinceridade, era previsível a atitude de certas pessoas. No fundo, é consequência de uma quase ausência de valores e, por isso, posso dizer que outras alternativas não deveriam esperadas.
Poderá, para estas, tudo ser aceitável se vislumbrarem momentaneamente um horizonte de bonança. No entanto, no âmbito das decisões concretas continuam sem possuírem uma estruturação interna que não vá para além da retórica que contrarie a evidência de que “na mesma” significa cada vez pior.
De uma coisa tenho a certeza: vou continuar a deixar que “chovam no molhado”! Resistirei de modo a manter o equilíbrio afectivo e a coesão, mesmo que os tempos sejam conturbados. Para isso, talvez venha a propósito recordar que os direitos adquiridos formam parte essencial da realidade quotidiana e, ao contrário dos deveres, podem perder-se, limitar-se, que a vida, melhor ou pior, continua.
A quem compete decidir, cabe dar prova da vitalidade enquanto unidade de algo intrínseco, traduzindo a consciência de que não procede do instinto básico de sobrevivência nem do puro proveito económico, já que tal poderia gerar, não diria barbárie, mas, com toda a certeza, desagregação.
Os modos de ser e estar vêm de longe – Roma, Atenas e Jerusalém (se quisermos tratar os valores pelos nomes) – enfim, de gente civilizada. Querer uma união contra a ordem natural é o caminho seguro para a fragmentação.