Agora que começam as férias para a grande maioria dos portugueses, as manifestações e, sobretudo, as greves entrarão em stand by. Não quero dizer que não possa haver um outro sinal de incómodo, mas nada de preocupante. Por exemplo, ainda hoje vi, no telejornal, uma reportagem sobre uma concentração à porta do ME, a qual não contava com mais que meia dúzia de pessoas.
Voltando às verdadeiras manifestações e, principalmente, às greves, é enternecedor ver a argumentação usada pelos sindicatos e, já agora, até por algumas ordens. Está na moda alegar que é em defesa da escola pública, do SNS, de uma proximidade da justiça junto das populações do interior, respectivamente no caso dos professores, médicos/enfermeiros e advogados. Podia estender o exemplo a muitos outros sectores como a CP/Metro/STCP, onde os seus funcionários afirmam sempre que as suas lutas são sempre em defesa dos utentes.
Tal como dizia o outro dia, no Público, o jornalista João Miguel Tavares, estes sindicalistas são uns autênticos samaritanos. Aliás, acrescento que com estas intenções fazem inveja aos feitos da Madre Teresa de Calcutá, pois jamais lutam pelos seus interesses. Bem pelo contrário: as suas acções têm como objectivo primordial o interesse dos outros. E com propósitos políticos? Isso nem é bom falar, uma vez que nunca tal lhes passou pela cachimónia.
Esquecem-se, ou melhor, fazem-se esquecidos que cada vez que encetam este tipo de luta, quem mais sofre são sempre os que menos podem, i.e., aqueles que não têm acesso aos bons colégios, aos hospitais privados, aos melhores advogados ou que não possuem viatura própria.
P.S. – Que fique bem claro que não sou contra o sindicalismo e o direito à greve é inalienável. Contudo, como tudo na vida, tudo se quer q.b. e a agenda partidária, independentemente do seu pendor, deve estar totalmente arredada.