Sim, confesso que, ultimamente, ando deprimido e não é pouco. Têm de concordar que o caso não é para menos, pois não há direito de, dia após dia, perder milhares sobre milhares de euros. Tudo por causa da crise do Banco Espírito Santo (BES) e do muito dinheiro que, em acções, aí investi.
Sempre fui amigo da família Espírito Santo, apesar de nunca ter passado férias conjuntamente com o Ricardo, tal como aconteceu com Marcelo Rebelo de Sousa, ou de alguma vez ter estado casado com um membro daquela ilustre família – com toda a certeza, culpa minha – como sucedeu com Miguel Sousa Tavares. Porém, isso, de modo algum, diminui a consideração que sinto por aqueles e eles por mim. Já agora, uma interrupção: compreende-se a escolha extremamente cuidadosa das palavras sobre este caso destes dois pesos pesados da comentação política-económica.
Pelo exposto, não admira que tenha adquirido milhares de acções daquela instituição bancária. Se por um lado o BES era um banco com mais de 150 anos de existência e uma credibilidade inatacável – lembro-me de alguns episódios menos dignificantes, mas não se fala mal dos amigos em público -, por outro, o excesso de liquidez monetária que desde há muito apresento, levou-me a apostar quase tudo no mesmo “cavalo”.
Se foi errado? É fácil dizer hoje que sim. Mas quem previa tal? Agora ando a tentar “apagar fogos” em vez de ter antecipado os problemas. Só me apetece gritar e comer ameixas verdes!
Ironias à parte, há muito que deviam estar incorporadas as medidas que actualmente parecem estar acordadas, bem como outras que aqui não posso – novamente os laços de amizade a impedir-me a imparcialidade (!!!) – enunciar. Ou seja: o acordo que Banco de Portugal quer implementar no BES, sendo positivo, é tardio e, quase me atreveria a dizer, imperfeito. Não podemos estranhar, pois geralmente é sempre assim quando se negoceia sobre pressão.
Mais: estão enganados os que pensam que as mexidas na direcção do BES vão ter um grande impacto na resolução da sua crise. A ajuda será efectiva mas diminuta e a prová-lo aí estão as agências de rating a baixar o respectivo valor, isto para não falar do preço das respectivas acções.
Uma revolução neste banco é urgente, uma vez que o contágio a outros não é algo descartável. Para observar que este é um problema sério, indago: quem em Portugal não depende do sistema bancário?