A questão dos exames ou das provas finais de ciclo, como o ME as designa, tem sido, como se diz na gíria, cada cavadela, cada minhoca. Para além de Nuno Crato querer impor, cada vez com maior ênfase, um academicismo atroz – onde pára a promessa de 50 % dos alunos em cursos profissionais? -, a “5 de Outubro” não dá, pelo menos ultimamente, “uma para a caixa”, fazendo lembrar o que os romanos diziam do povo que em tempos antanhos habitava estas terras: “não se governam nem se deixam governar”.
Se são exames, como todos lhes chamamos, que se realizem depois das aulas já concluídas, i.e., com todos os conteúdos lecionados e, principalmente, com os docentes livres da sua carga lectiva. Caso contrário, é favor terminar com este folclore. Efectuar exames e depois ainda haver matéria para ensinar não lembra ao “careca”.
Ou será que a equipa governativa do ME e quejandos, que pululam por todos aqueles imensos gabinetes, desconhecem que é extremamente difícil dizer a um aluno que ainda tem novas matérias a aprender depois de já ter feito o respectivo exame/prova final ou lá como lhe queiram chamar?
E os professores? Como podem simultaneamente dar aulas e corrigir os exames, colocando neste serviço a responsabilidade que o mesmo requer? Dando dois dias “livres” e retirando a componente não lectiva é o suficiente? Evidentemente que não!
Depois há uma outra questão: quem substituirá os docentes correctores, nas aulas de Português e Matemática, nos aludidos dois dias em que “faltarão”? Ninguém, é a resposta correcta. Quanto muito haverá ocupação de alunos, mas jamais leccionação de matéria, o que, como é óbvio, prejudicará a aprendizagem destes. Por isso, e muito bem, as associações de pais já manifestaram o seu repúdio.
Não esquecer que durante os dias da realização de tais provas os alunos dos restantes anos, na grande maioria das escolas, igualmente foram prejudicados uma vez que não tiveram aulas, algo que não acontecia se aquelas se efectuassem depois de concluído o 3º período.
Aliás, o argumento de que os exames se devem realizar agora para que os alunos com classificação negativa possam ser recuperados, é perfeitamente falacioso. Será possível recuperar alguém em duas ou três semanas quando durante todo o ano lectivo não se esforçou o suficiente?