O funcionalismo público está a mudar. Quem de perto vive essa realidade sabe que isso é uma verdade indesmentível. Todavia, a velocidade de mudança é, para muitos, excessiva, enquanto para outros é extremamente lenta. E, atenção, que não falo apenas do sentir dos que neste sector diariamente labutam.
As mudanças não residem só no tempo que a administração pública leva a resolver os assuntos dos cidadãos, mas também na forma em como estes são encarados e tratados. Bem, as prioridades também são outras, tal como os argumentos para captar ou perder os melhores talentos.
Está errado quando se nota que se continua a dar, na administração pública – o receio do compadrio a isso obriga -, maioritariamente preferência à formação académica em detrimento da experiência profissional.
Todavia, num estudo recente da Hays Portugal, deveriam existir de entre uma lista de vinte factores que podem determinar a escolha de um candidato, a preferência pela proactividade e o dinamismo como a característica que mais deveria pesar na decisão final, logo seguida da capacidade de adaptação e polivalência, capacidade de trabalho, apetência para trabalhar em equipa, sentido de ética e valores e do potencial de crescimento.
Chegados aqui, é a altura oportuna para perguntar se, na verdade, é isto que acontece nas várias instituições dependentes do Estado. A resposta ainda é, infelizmente, negativa. O oportunismo, a falta de ética, o carreirismo, o “passa a escova”, entre outros maus predicados, ainda ditam muitos lugares. Evidentemente que estes sintomas jamais desaparecerão do nosso dia-a-dia, uma vez fazerem parte da condição humana, mas que é absolutamente necessário que diminuam de forma drástica ninguém tem a menor dúvida.
Por último, acrescento algo que todos já experienciaram: os menos dedicados ao trabalho, os mais mentecaptos, aqueles que se acostumaram sempre a viver à sombra dos outros, quando elevados a determinadas funções são os piores, i.e., exigindo tudo de todos e de um modo tão “miudinho que até faz cócegas”.