Os cursos de educação e formação (CEF), bem como os profissionais, por muito que se diga o contrário, não têm vingado. O dinheiro e os recursos humanos investidos são de tal monta que os parcos resultados raramente os justificam. E contra mim falo, pois sou um dos muitos que nesta área labutam.
Desde há muito que venho afirmando que estes cursos estavam senão mortos à nascença, pelo menos estavam moribundos. A forma como foram e continuam a ser organizados, a quase inexistente ligação ao mundo empresarial - só no final de pouco vale -, e, sobretudo, os alunos que para aí “são empurrados” – escolhendo-se os piores dos piores – mataram e persistem em matar a galinha dos ovos de oiro.
Aquilo que poderia ser a salvação de muitas das nossas indústrias, o seguro firme do futuro dos nossos jovens, foi e continua a ser constantemente colocado em causa pelo tipo de formação ministrada.
O academicismo reinante – cada vez maior(!!!) - nas nossas escolas, o fascínio instalado pelo “canudo”, o afastar das turmas, ditas normais, dos alunos mais problemáticos, a questão dos rankings – eu, pecador, me confesso – contribuíram e muitíssimo para que este tipo de formação morresse à nascença.
Como se pode querer que os empresários dêm emprego a estes jovens quando, de antemão, sabem que, com raras excepções, os que lhes são apresentados para estágio são os piores dos piores?
Sempre defendi o contrário. Deveriam prosseguir este caminho os jovens com vocação e, simultaneamente, com o mínimo de inteligência e resiliência. Não somente aqueles cujo domínio cognitivo é, na maior parte das vezes, francamente diminuto, para além de outras patologias. Ou será que se continua a pensar que para ser electricista, canalizador, mecânico, carpinteiro, só para citar algumas profissões, não é necessário ser lúcido e perspicaz?
Não admira, por isso, termos imensos licenciados no desemprego, como igualmente não nos assombra a não colocação no mundo laboral da maioria dos jovens saídos dos cursos anteriormente referenciados! Se o percurso que percorrem é errado porque havemos de estranhar?
Como é evidente, os jovens com um comportamento problemático e/ou aqueles que apresentam défice acentuado de aprendizagem têm que ter obrigatoriamente lugar na sociedade e, desta forma, obter formação condigna de modo a que também eles sejam úteis. Todavia, não é pelas vias que têm vindo a trilhar. Existem e existirão sempre serviços auxiliares, que não meramente técnicos, que serão indefinidamente necessários e não menos dignos.