Bem sei, e aviso desde já, que vai, como se costuma dizer, “cair o Carmo e a Trindade”. Porém, como sempre, não será por receio de ser mal compreendido ou, até, mal visto que deixo de escrever o que sinto e sei que é verdade. Jamais enterrarei a cabeça na areia como a avestruz, para fingir não ver o que me cerca. Como sempre, seria mais fácil e “ganhava” muito mais se estivesse calado ou dissesse o contrário, nem que para isso tivesse que “torcer” os números, ou melhor, as estatísticas.
Vamos, então, ao que aqui me trouxe. Os cargos de menor exigência e responsabilidade são melhor renumerados no sector público do que no privado. A maioria dos funcionários públicos ganha mais do que os profissionais que desempenham as mesmas funções em empresas privadas, com excepção clara dos quadros de topo e de algumas áreas que carecem de maior qualificação técnica.
Segundo a consultora Mercer – com base num estudo que avaliou as remunerações dos funcionários do sector público (excluindo os órgãos de soberania que não encontram paralelo directo no sector privado) e os trabalhadores das empresas privadas - concluiu-se que cerca de 57% dos primeiros ganham mais do que ganhariam no privado, exercendo as mesmas funções.
Todavia, o aludido estudo não fica por aqui. A diferença é mais marcante nos sectores da Saúde e da Educação. Por exemplo, 97% dos professores e enfermeiros ganham mais no sector público do que no privado.
Contudo, existem, como em tudo na vida, situações que fogem à regra geral. O caso de um director-geral ou um administrador de uma empresa pode ganhar no sector público entre 500 a 2000 euros a menos do que ganharia se trabalhasse para uma empresa privada. Neste campo, cerca de 30% é quanto recebem a mais no vencimento mensal os dirigentes de topo que trabalham para o privado quando comparado com o sector público.
Haverá muita gente desagradada com o que acabou de ler? Certamente! Mas números são números e não há como lhes dar a volta. A não ser que se queira fazer demagogia ou eleitoralismo, algo que não pretendo.
