É irrefutável que Portugal continua a ser um dos países com uma das médias salariais mais baixa da EU e a política de contenção salarial parece ser, por enquanto, o melhor cenário com que os portugueses podem contar a médio prazo.
Controvérsias à parte, e tendo em conta que a melhoria de indicadores como o desemprego, apesar de contínua ainda é ténue, o facto é que nos próximos tempos teremos de permanecer nesta desditosa “crise” que teima em não nos deixar. Aliás, no que a mim me diz respeito, já solicitei, por mais de uma vez, o “divórcio”, mas ela insiste em continuar a viver comigo, atazanando-me a cabeça diariamente.
Perante esta situação económica que infelizmente continua instável, seguimos um processo complexo de (re)adaptação que tem exigido aos portugueses muitos sacrifícios na gestão do seu, cada vez mais magro, orçamento familiar.
Por outro lado, o sector empresarial tem feito todos os esforços para mudar de rumo, procurando reinventar-se: seja através de processos de internacionalização, potenciando exportações, ou reajustando os seus quadros numa lógica de optimização de recursos.
Todavia, o esforço colectivo continua a ser essencial para que possamos encontrar o caminho e consigamos ser mais objectivos e estratégicos nas metas do nosso país. Temos, sem dúvida, de apostar, cada vez mais, na qualificação e inovação dos recursos, se queremos tornar-nos realmente produtivos e competitivos. Aquela velha ideia, aliás muito portuguesa, de que não vale a pena esforçarmo-nos, i.e., se aceitarem que assim seja, muito bem, caso contrário, não comam ou deixem de lado, tem de ser arredada. Há que, de uma vez para sempre, em todo o lugar e em quaisquer circunstâncias, dar em cada dia o nosso melhor. Já lá diz o ditado: só não mudam os burros e nunca é tarde para mudar!
Naturalmente, as questões salariais, afectivas e emocionais terão o seu impacto na reconstrução desta Nação de oito séculos. É que uma política de baixos salários, desconforto no lar e no trabalho, bem como a ausência de lazer, origina um mal-estar permanente e, por isso, altamente desfavorável à produtividade.