Sei que não é o mais curial iniciar um texto com uma questão, mas, como costumo dizer, à falta de melhor aqui vai: é pedir muito que algo seja feito a bem do futuro e da sustentabilidade do país e mais ainda do crescimento do emprego?
Já o disse e repito: o Documento de Estratégia Orçamental (DEO) parece interessante, sobretudo no que respeita à diminuição de alguns impostos para as empresas e o fim de certa burocracia, fundamentais para captar investimento. Por outro lado, compreende-se e bem a sobrevalorização das exportações. No fundo, trata-se de medidas para fomentar a internacionalização empresarial e, deste modo, oferecem realmente um enorme capital expansionista com retorno.
Contudo, não podemos descurar a produtividade, a qual continua a ser um dos dramas nacionais. Um ajustamento às necessidades do mercado, através de um verdadeiro ensino profissionalizante, é uma das formas de promover a competitividade e a evolução positiva do mercado de trabalho.
Antevejo, porém, algumas desilusões. Daqui a uns meses será dominante o discurso de que as medidas foram um fiasco. É o nosso velho fado! Umas medidas resultarão melhores que outras, é claro, só que não existe nenhuma fórmula instantânea para o crescimento económico.
Se houver coragem e vontade para o estabelecimento de um pacto político, de preferência a longo prazo, prevejo que se demore dez a alcançar o patamar aceitável para reformular a legislação e os sistemas jurídico e fiscal. O grande problema é o enorme desentendimento político-partidário que impede tal.
Concluo com outra pergunta: haverá uma estratégia eficaz de crescimento com efeitos imediatos? Talvez, mas só com o acompanhamento de um ou mais milagres …