Na continuação do artigo anterior, e ao falar da Bairrada é forçoso curvarmo-nos sobre essa nobre casta que é a baga. Uva difícil de trabalhar, não o nego, é, contudo, com esta que são elaborados alguns dos vinhos mais marcantes e sofisticados que se pode degustar nesta região, sejam eles de lote ou monocasta. Desta igualmente se fazem excelentes rosés e brancos, tanto mais que, hoje-em-dia, técnicas existem que permitem incluir a baga em extraordinários espumantes brancos.
Todavia, a região não vive só da casta baga. Os seus vinhedos exibem também a touriga nacional, tinta-roriz, e até as internacionais merlot e syrah, as quais tão bem se têm adaptado ao clima e aos solos locais. Devido à forte adstringência, principalmente enquanto vinho novo, à baga tem sido adicionada com óptimos resultados quantidades apreciáveis, dependendo dos gostos, de mostos provenientes destas últimas castas. A inovação é também sinónima de qualidade.
Nas castas brancas destaque para a maria gomes, bical, arinto e cercial. É com base nelas que são elaborados a maior parte dos vinhos brancos de mesa e espumantes que dão nome à região.
A todos os seus vinhos a Bairrada empresta frescura e identidade. São exactamente estas características que, aliado aos investimentos feitos e ao aprofundado conhecimento dos seus técnicos que fazem dela uma excelente produtora de vinhos e, fundamentalmente, de espumantes.
Este último é, sem dúvida, o produto que mais identifica a região bairradina. Em caves seculares, com túneis infindáveis, repousam milhões de garrafas de espumante num estágio que serve para atingirem as melhores características e qualidade até chegarem ao consumidor final.
Com o leitão assado vai sempre bem um espumante. Já a chanfana saboreia-se melhor com um tinto baga, desde que este já tenha uns anos de vida. Para o peixe grelhado nada melhor que um branco jovem, cuja estrutura, frescura e complexidade de sabores a frutos silvestres complementa excelentemente bem a refeição.