Habituado à caneta troquei, neste últimos dias, esta por outra bem mais pesada mas não menos reconfortante, ou, dito por outras palavras, a enxada tem sido minha companheira desde o nascer até ao morrer do dia. Trata-se, como costumo dizer, do meu ginásio, o qual, por imperativos de agenda profissional e, sobretudo, devido à meteorologia, não me é possível fazer uso diário.
Sendo certo que as batatas há muito que estão semeadas, pouco faltando, aliás, para o respectivo sacho, os últimos dias tem sido ocupados a lavrar, fresar, abrir regos e, por último, o mais difícil, pois é feito por força braçal, o semear de milho, de feijões e de abóboras. Sinceramente, por vezes, tenho pena do tractor face à dezena ou mais de horas que diariamente trabalha, apenas descansando no parco tempo de almoço, já que do meu corpo não me queixo. Costumo, até, dizer, meio a brincar meio a sério, que devia comer metade e trabalhar- fisicamente, é claro – o dobro.
A reduzida dimensão das explorações, a dispersão das mesmas e as suas características, a predominância do trabalho isolado, envolvendo tractores, máquinas e equipamentos perigosos, entre outros factores específicos da actividade agrícola, trazem enormes desafios aos que da lavoura fazem o seu sustento ou, como é o meu caso, o seu hobby.
Para além dos desafios inerentes à acticidade agrícola, outros existem que, por terem características imprevisíveis como sejam, por exemplo, as condições atmosféricas, as imposições do mercado, as restrições da agroindústria, entre tantas outras, alteram, quase constantemente, as condições de trabalho e, principalmente, os justos proventos de quem com tão boa fé a tais trabalhos se entrega.
Contudo, quem corre por gosto não se cansa! Quanto a proventos económicos, nem é bom falar nisso. Sei o dinheiro que "perco", mas vale mais gastá-lo "nestas condições" do que no café, na dança ou em outras actividades fúteis.