Assistimos a uma mudança de paradigma na forma como se vive hoje em Portugal. As dificuldades porque passam os jovens espelha bem o estado do país, o qual investiu fortemente na educação, mas não consegue absorver as elevadas qualificações daqueles, por não irem de encontro ao que o mercado de trabalho necessita neste momento.
É nesta faixa etária que fazer a diferença parece ser cada vez mais difícil. Como já o disse por variadíssimas vezes, ser bom não é suficiente; é preciso ser excepcional e ter oportunidade de o demonstrar.
É a falta de oportunidades que desequilibra o nosso dia-a-dia. Cada vez se notam maiores exigências, mas o nivelamento do talento mantém-se em níveis muito pouco dignificantes.
E os jovens não deixam de observar os exemplos dos menos jovens. Procuram-se recursos humanos qualificados e polivalentes, mas não há espaço, nem oportunidade, para integrar os mais assíduos, os mais perspicazes, em suma os mais capazes. Infelizmente, verifica-se, cada vez mais, o contrário, i.e., os mais ocos mas simultaneamente mais palavrosos são premiados. E tudo - não é bem tudo, mas quase - se cala, tudo se consente. Uns, nitidamente, por medo, outros devido à sua carga genética, outros ainda por adulação – nas costas as facadas são uma constante -, entregam-se à mudez.
Hoje-em-dia os jovens sabem, pelo que vêm nos mais velhos, que não basta terem um bom curriculum e estarem certos de terem absorvido o know-how da laboração, pois se não souberem posicionar-se - em termos curvilíneos, entenda-se -, se não tiverem o melhor encosto, de pouco lhe valerá aqueles predicados.
Não basta ter as hard skills requeridas, uma vez ser necessário saber integrar “a equipa”, compartilhar os mesmos valores, por muito que destes estejam arredadas quaisquer referências éticas, e, por último, ser um elemento activo na dinâmica de projectos, apesar destes, logo à priori, denotarem a ausência de qualquer mais-valia.