Escrever um texto, mas sobretudo um livro, não um qualquer, não é para arranjar emprego, aumentar o ego e muito para menos para dar nas vistas, bem pelo contrário. Um texto, e muito mais um livro, é para usufruir, levar o leitor a rever-se no seu conteúdo e forma de escrita. Serve, especialmente, para avaliar se aquele, efectivamente, embarca no mesmo destino.
O objectivo âncora deve estar no centro do texto/livro e reunir uma experiência vivida ou ficcionada. A maior ou menor proximidade, semanticamente falando, é claro, muitas vezes não é suficiente para nos cativar. Tudo gira à volta do enredo e suas variadíssimas nuances. Os desafios da escrita, o que fica por dizer, os subentendidos enrolados no emaranhado das palavras, a meta que nos é pré-anunciada deve visar o evento final, exigindo preparação e persistência para ultrapassar os obstáculos, ao mesmo tempo que deve surgir de forma doseada.
Um texto/livro, tal como um filho, deve nascer e crescer pouco a pouco, prosperar os saberes e, simultaneamente, unir os leitores, promovendo a partilha de práticas e informações. A sua estruturação, verdadeira espinha dorsal, pode começar de forma improvisada. Todavia, ou rapidamente ganha corpo e consistência, revisitando este, aquele e aqueloutro lugar, relatando as mais latas vivências, ou enquista e perde o interesse. O seu fim dita o seu início, e vice-versa, por muito paradoxal que tal nos pareça.
(Continua)