Já lá diz o ditado “nem só de pão vive o homem”. A leitura, tal como muitas outras actividades, ditas de lazer, é fundamental para o homem contemporâneo. Por isso, ler é, para além de imprescindível, um gosto que adquiri desde muito novo e que incuto a quem de perto priva comigo.
Alvim Tofller, escritor futurista, muito em voga nos anos 70 e 80 do século passado, escreveu, em 1970, um livro intitulado «Choque do Futuro», o qual li já no final dessa década. Obra que me impressionou extraordinariamente e, hoje, quando passo novamente os olhos por ela fico maravilhado com a perspicácia da sua análise e, sobretudo, com o seu conteúdo quase profético.
Num dos capítulos, em que aborda como serão as pessoas no futuro, afirma a determinado momento: “os habitantes da terra, estão divididos não apenas pelas raças, nações, religiões ou ideologias, mas também, em certo sentido, pela sua posição no tempo”.
Acrescentava que cerca de 70% da população mundial vivia da agricultura e de novos tipos de subsistência análogo aos dos seus antepassados e, nessa ordem de ideias, constituíam o grupo de pessoas do passado. À volta de 25% vivia em cidades já industrializadas e designou-as por pessoas do presente. Os restantes 5% já não pertenceriam ao passado nem ao presente, ou seja, seriam as pessoas do futuro, uma vez que já teriam embarcado nos novos ritmos de mudança e o seu estilo de vida reflectia já um movimento muito diferente na sua “posição do tempo”.
Agora, caro leitor, diga-me: 44 anos depois mudou alguma coisa? Respondo que pode ter mudado uma coisa ali, outra coisa acolá, mas, no essencial, não. A aludida distribuição percentual não se alterou. E não se modificou porque vivemos muito voltados para o nosso pequeno mundo e, principalmente, para o Ocidente, apesar de não desconhecermos o fenómeno da globalização.
Muito se fala dos jovens e da sua falta de perspectiva. É uma verdade irrefutável. Todavia, esquecemo-nos que os jovens têm futuro e, particularmente, têm tempo. E os seniores, aqueles que têm à volta de cinquenta anos? Para muitos são demasiado velhos para trabalhar e, simultaneamente, muito novos para se reformar. Um dilema que nem a sua experiência e muito menos os seus cabelos brancos lhes valem.
É urgente (re)inventar uma forma que lhes (nos) permita perspectivar o futuro.