Passados que são quatro meses após as últimas eleições autárquicas, sem que se vislumbrem cabais esclarecimentos sobre a hecatombe, então, registada, estando consciente da conjuntura que se vive no concelho de Anadia e, sobretudo, na estrutura partidária do PSD, é chegado o momento de escrever algo sobre o que se tem, ou melhor, não se tem verificado. Refiro-me, concretamente, à ausência de análise séria e, fundamentalmente, do “enterrar a cabeça na areia” como fazem as avestruzes.
Escrevi, na altura própria, que a estratégia era errada e, consequentemente, não daria os melhores frutos. À semelhança de outros companheiros, não fui ouvido e, pior ainda, postergado, para não dizer vilipendiado. Todavia, os resultados vieram, infelizmente, dar-nos razão.
Posteriormente, face a tão grande desaire, avancei que havia um único caminho: imediata colocação dos cargos partidários à disposição dos militantes. Novamente, até pareceu que tinha “caído o Carmo e a Trindade”, uma vez que, principalmente nas redes sociais, foi dito de mim o que os muçulmanos não dizem do toucinho. Como se vê, tudo gente que convive bem com a crítica!
Explicações que sejam do conhecimento público não existem. Ilações de tão graves erros não se conhecem, bem pelo contrário. Apesar das parcas palavras que se conhecem sobre o assunto, continuam a argumentar que sempre tiveram razão, que tinham as melhores propostas e, acima de tudo, os melhores candidatos, só que o povo estúpido – é claro, digo eu - não vislumbrou a grandeza de tais propósitos e das magníficas almas que os encarnavam.
Com o acordo estuporado entre o MIAP e o PS, os sociais-democratas de Anadia ficaram reduzidos a figuras de corpo presente, uma vez que, como é fácil de compreender, os seus três vereadores, bem como os seus deputados na assembleia municipal, ficaram sem peso, por muito que digam o que disserem, podendo até colocar-se em bicos dos pés que daí não virá nada.
Chegados aqui, e apesar de continuarem a ocupar os cargos, com o argumento já muito estafado de que foram eleitos para tais, como se a demissão fosse algo desonroso, ei-los à espera de uma saída airosa: as próximas eleições partidárias estão à porta e, por isso, deixa esperar pelas mesmas. Nada de fazer ondas, já que entre portas resolveremos, mais mês menos mês, o assunto.
Bem, assim parece que vai suceder. O ainda presidente da comissão política concelhia, acha por bem não se recandidatar nas próximas eleições internas e dá ordens para que o seu “delfim” avance. É, assim, que surge o actual presidente da JSD a querer, qual passe de mágica, passar a sénior. Como é evidente, poucos ficarão enganados com mais este truque, apesar de não ter a menor dúvida da sua eleição. Os militantes votantes – não confundir com a maioria – estão devidamente controlados, para não dizer arrebanhados, e lá irão cumprir mais este frete.
Para concluir, apenas uma palavra para a carta que o candidato a presidente da comissão política concelhia escreve aos militantes, na qual expõe os motivos da formalização da sua pretensão. Para além de não falar, e bem, da sua experiência profissional, já que a mesma é inexistente, da vacuidade, dos imensos lugares comuns, realidade que não me admira, o que não posso deixar de referir é a má redacção da mesma. Será que, com tanta gente ilustre e sábia, não haverá alguém que lhe dê uma “mãozinha”? Nem que seja por espírito solidário!
Banhos, 2014.01.20
Adenda: artigo publicado na edição de hoje do Jornal da Bairrada