O mundo é composto por modas. A última, que tem varrido o país, literalmente de norte a sul, chama-se hortas urbanas. Novos aromas e cores invadem varandas, ruas e quintais, lançando, dizem, sementes para cidades mais verdes!
Pessoalmente, tenho as maiores dúvidas. Não produz quem quer e muito menos em qualquer sítio, mas quem sabe. É evidente que não se nasce agricultor, faz-se. Porém, apesar de ser adepto da máxima de que "nunca é tarde para aprender", também não me esqueço de que “burro velho não aprende línguas” e, por isso, vejo com algum ceptcismo a proliferação de jovens e menos jovens a querer cultivar tudo e mais alguma coisa e, por vezes até, pretendendo dar lições a quem durante toda a sua vida teve como única ferramenta a enxada.
As câmaras municipais, como sempre, com receio de não acompanhar os movimentos mais in, mas também numa de populismo básico, disponibilizam terrenos, água, ferramentas e técnicos, dispensando, porém, as contas, i.e., o custo económico de tais operações, numa tentativa balofa de captar votos a qualquer preço.
Pelo seu lado, estes novos "agricultores", a larga maioria, com ideias preconcebidas do politicamente correcto – leia-se biológico – apostam não só nos produtos habituais, mas sobretudo em novos, muitos deles importados a peso de ouro e de modo algum adaptados ao nosso clima, provocando o cruzamento de espécies, com claro prejuízo para as autóctones.
O resultado, que, por vezes, me é dado a observar, é, sem exagero, medíocre, para não dizer ridículo. Couves e nabos raquíticos, tomates e pepinos difíceis de destrinçar a olho nu, alfaces, orégãos e outras espécies tão amarelas que até parecem que têm icterícia.
Concluindo, tirem-se de modas e deixem produzir quem sempre o soube fazer.