- O progresso social é inquestionável. Ora, sabemos bem que, à semelhança de outros conceitos, também aqui existem ciclos ou, dito de outro modo, tempos subsistem em que podemos ascender a patamares mais elevados, sobretudo quando a economia está em crescimento, tal como outros surgem em que declinamos e, por isso, vamos em sentido contrário, principalmente quando nos encontramos em recessão;
- Emprego para todos. Novo engodo que está fortemente enraizado. É que o avanço das novas tecnologias e o incremento da robótica fazem com que, cada vez mais, a mão-de-obra seja desnecessária, pelo que apenas dois caminhos se abrem: ou se impede o progresso ou existirá sempre desemprego;
- Educação, justiça e saúde gratuita para todos, independentemente dos seus rendimentos. Como bem experienciamos no dia-a-dia não existem almoços grátis. Se alguém come sem ter trabalhado para tal é porque outra pessoa labutou por si e por aquele. Por isso, não estando nós, os que se encontram no activo, dispostos a ser ainda mais espoliados dos seus rendimentos para dar de graça – abro um parêntesis para mencionar um ditado antigo: o que é dado não é apreciado – a pessoas que, imensas vezes, efectivamente não o merecem, só existe uma saída: quem pode deve pagar, não bastando afirmar que já paga através dos impostos, uma vez que estes são insuficientes, como está amplamente demonstrado pelo enorme défice que apresentamos;
- Os direitos adquiridos são inalienáveis. Outro tema, filho dilecto de algumas cabeças bem pensantes cá do nosso burgo, que mais parecem devotos condignos das Éclogas do poeta Virgílio. Nestas, é cantada uma atmosfera ideal de ordem, de paz e de harmonia representada por uma Natureza com paisagens doces e esfumadas, numa espécie de vida “em que tudo cai do céu”. Por exemplo, tal como os salários emagrecem, restando-nos pouco mais que o conformismo, havendo até quem diga que devemos agradecer por ainda termos emprego, também as pensões não podem considerar-se à margem dos sacrifícios dos trabalhadores. Aliás, sem embuço, digo que é vergonhoso ver um pensionista, no final do mês, com mais dinheiro que aqueles que diariamente se dirigem aos seus locais de trabalho, com tudo o que isso acarreta em termos de despesa.
É costume afirmar-se que a necessidade aguça o engenho. Então, esperamos que, nas circunstâncias actuais, com a sua míngua de dinheiros, esse engenho também derrube os mitos que teimam em persistir.