É perfeitamente natural achar como excessiva a designação que alguns pretendem dar à actual geração como “trabalhadores sem medo”. Todavia, a realidade é que, um pouco por todo o mundo, o nível de comprometimento e lealdade dos funcionários para com as organizações, onde labutam diariamente, está a diminuir.
A análise é descrita pela consultora Mercer, a qual tem por base o estudo intitulado Wahat’s Working, que, em síntese, afirma “as relações de trabalho estão a mudar no mundo inteiro e os colaboradores estão a repensar o retorno que recebem face ao que estão a dar às suas instituições”.
Com toda a sinceridade não possuo dados factuais que possam refutar ou confirmar o anteriormente descrito. No entanto, sou de opinião de que este país à beira-mar plantado segue à risca o aforismo “não há regra sem excepção”. Daí, estar convicto que em Portugal se passa exactamente o contrário, i.e., existe medo e não é assim tão pouco.
Como é evidente não confirmo que os portugueses, ao contrário de muitos outros que o estudo alude, sejam leais ao lema que modela os seus locais de trabalho, tal como não certifico que cada vez mais possuam menos receio. Bem pelo contrário!
Na verdade, há, no dia-a-dia do português comum, um medo palpável e espesso, tão compacto que quase me atrevo a dizer que se pode cortar à faca. Este vesse no olhar, nas atitudes e, sobretudo, nas meias-palavras, estas quase permanentemente sussurradas pelos cantos e/ou longe de quaisquer ouvidos indiscretos.
Tal situação, deveras preocupante, leva a que questões como o respeito profissional, o (des)equilíbrio entre o trabalho desenvolvido e o trabalho avaliado assumam, cada vez mais, importância entre os colaboradores, levando-os à desmotivação.
Nesta ordem de ideias, numa economia em crescentes dificuldades, quando os recursos apelativos são escassos, não nos podemos admirar de, infelizmente, sobressair a bajulice e o servilismo bacoco.