Ontem, foi o dia de todas as decisões. Injustas, nalguns locais, certeiras, na maioria, o certo é que o povo é soberano e não se deixa enganar tanto quanto querem fazer crer. Isto significa, não tenhamos ilusões, que há que tirar ilações, tanto a nível nacional, como local. Das primeiras, em próximas crónicas abordá-las-ei, pelo que hoje impõe-se falar do que se passou em Anadia.
Bem gostaria de não dizer, mas não resisto. Eu bem avisei. Em tempos que já lá vão, eram somente facilidades e quem alertasse para o perigo que os adversários representavam era olhados e, pior ainda, rotulados de incréus, de desmancha-prazeres, para não dizer de agentes infiltrados. Gente houve que afirmou, a pés juntos, que agora é que era, que isto era – desculpem-me a expressão menos prosaica, mas foi assim que foi dito – como limpar o rabinho a bebés.
Quando era absolutamente necessário congregar o maior número de pessoas, e, sobretudo, boas vontades, indigitando os que, com toda certeza, trariam mais-valias, pois já tinham provas mais que dadas, optou-se pelo quero, posso e mando, dando apenas ouvidos às quimeras, aos yes man.
Abro um parêntese para dizer que não me alegro com a vitória dos independentes, tanto mais que de independentes não tinham e não têm nada. Até podia ganhar o PS, CDS ou a CDU que o meu estado de espírito era o mesmo. Importa, sim, analisar a derrota do PSD.
Se perder em Anadia, já representa um autêntico desaire eleitoral para o PSD, acostumado a ganhar por 60, 70 ou mais por cento, perder por uma diferença de 10% é uma hecatombe de todo o tamanho, apesar do método de Hondt lhe ter dado três vereadores, tantos quanto o MIAP. Razão tem alguém quando afirma que quem ganhou – não chegou aos 14% - foi o PS, já que o único vereador que elegeu irá ter uma importância capital, relevância essa muito superior aquela que o povo, nas urnas, lhe quis dar.
Nesta ordem de ideias, é absolutamente necessário que tais factos sejam devidamente escalpelizados, responsabilizando quem tomou atitudes inadequadas, quem desagregou em vez de unir, e, sobretudo, quem delineou uma estratégia que nunca conseguiu captar o interesse dos eleitores. Tal como venho defendendo há muito, também aqui a culpa não pode morrer solteira. A enormíssima crise que atravessamos, as medidas de austeridade extremamente gravosas que têm sido tomadas, bem como muitas das incompreensíveis medidas governamentais não podem explicar tudo. Anadia não pode ser uma segunda Madeira, i.e., em que a perda da maioria das autarquias não se deve a Alberto João Jardim, mas sim ao governo de Portugal.
Assim, ou o PSD-Anadia muda de “vida” ou falece. Por isso, o primeiro passo é colocar os lugares directivos à disposição dos militantes e deixar que sejam estes, livremente, a escolher o caminho de regeneração.