A não serem os fogos, aliás motivo de polémicas sérias e outras completamente estéreis, parece que nada de importante se passa neste país. Assim, com toda a franqueza, não há escriba que aguente.
Bem sei que vamos entrar - a partir das próximas eleições autárquicas, como é óbvio – num período de enormes desafios, pelo que os portugueses e as organizações irão viver um tempo de visibilidade reduzida, sendo muito difícil fazer previsões a longo ou mesmo a médio prazo.
Nesta ordem de ideias, tanto as famílias como as instituições públicas ou privadas – emagrecidas, está claro – não terão outra alternativa senão equilibrar-se no fio da navalha, uma vez que a margem de erro será obrigatoriamente mínima. Se, por um lado, irão ser introduzidas novas decisões para assegurar o mínimo consenso possível quanto ao futuro, por outro, a contestação subirá de tom com o agravamento da crise social, isto se a congeminência não mudar.
Assistiremos a uma realidade que irá entorpecer os processos de evolução positiva ou, pelo contrário, iniciar-se-á uma recuperação há tanto desejada? Se tivermos uma visão optimista, i.e., se levarmos em conta os últimos dados da conjuntura económica, diremos que a probabilidade de progredir é alguma. Contudo, os inquéritos de opinião dizem-nos que a maioria dos portugueses - cerca de 80% - é muito céptica em relação a este aspecto.
Um estudo norte-americano relativamente recente referia que a maioria dos governantes despende apenas 3% do seu tempo – cerca de quinze minutos numa jornada de oito horas – para antecipar as dificuldades de uma sociedade cada vez mais competitiva. Não admira, por isso, estarmos como estamos, ou seja, com perspectivas quanto ao futuro muito baixas.