Nos últimos tempos tenho sido acusado de já não escrever o que interessa à maioria dos meus colegas docentes, sobretudo daqueles que, em termos de escolas, mais próximos se encontram. É uma forma de pressão, nem sempre com contornos muito legítimos e, acima de tudo, com interesses muito próprios.
Argumentam que já não critico, não zurzo, pelo menos tão visivelmente, os poderes instalados, ou seja, estou acomodado, chegando alguns a afirmar que, face à conjuntura actual, tenho medo, só faltando dizer que me encontro velho para continuar a luta – acredito que, à boca fechada, até são capazes de o dizer. Já agora esclareço que jamais advoguei a guerra, pois, como costumo dizer, quanto muito tenho adversários, nunca inimigos.
Sem querer, de modo algum, nesta tribuna, apresentar a minha defesa, já que a tal não me sinto obrigado, uma vez sempre ter preservado o pensamento próprio, (re)afirmo aquilo que, quando a ocasião se proporciona, digo de viva voz: em primeiro lugar, a actuação dos dirigentes tem vindo a ser pautada, salvo uma outra situação menos curial, por uma postura mais profissional e atenta aos reais problemas da Escola – p.f. não confundir com os interesses dos docentes -; em segundo, devido a que muitos daqueles que incitam os outros a lançarem-se, perdoem-me a expressão, para a frente dos “cornos do toiro”, são os primeiros, quando solicitados a acompanharem-nos, a arranjarem desculpas, aliás, na maior parte das vezes, esfarrapadas, para se escusarem a tal; por último, os docentes têm que, de uma vez para sempre, assimilar que a legislação mudou e, por isso, a eleição do director ganha-se quatro anos antes. Contam-se pelos de uma mão, os casos em que a decisão de continuidade ou não do director não depende da composição do Conselho Geral, o qual é eleito no quadriénio anterior.
Assim, sem me escusar de criticar quando acho que o devo fazer – o exemplo, mais recente, é o caso da permissão nas escolas de campanha política para as autárquicas -, é meu dever esclarecer que o actual director é, perdoem-me o pleonasmo, o meu director e, enquanto tal, apesar de não lhe prestar vassalagem – jamais o faria e ele também não o quer –, devo-lhe respeito e, nessa ordem de ideias, enquanto receber igualmente darei o melhor de mim.
Desagradarei a alguns colegas? Estou convencido que sim. Porém, não autorizo que haja alguém que tenha a ousadia de apelidar esta minha postura de servil, tanto mais que, para além provas dadas de que nunca o fui, não sou e, enquanto pensar como penso, nunca o serei, tenho todo um passado que fala por mim.
Por fim, declaro, alto e em bom som, que sei distinguir - e muito bem - o director, a direcção e demais gravitacionais.