Tem sido notícia em praticamente todos os órgãos de comunicação social e tem servido para conversas de café, com muita chacota à mistura. Então, não é que a coligação PSD-CDS, à frente dos destinos da Câmara de Aveiro, uma das autarquias mais endividadas do país, começou a dispensar do serviço os funcionários no dia em que fazem anos? Num momento de tão grave crise, como é o que presentemente atravessamos, isto deveria passar pela cabeça de alguém? Não, responder-me-ão os leitores. Mas, o certo é que passou!
Será que não têm um pingo de vergonha? Vou mais longe: mesmo que fossemos uma economia em prosperidade, alguma vez seria legítimo isentar do serviço os trabalhadores só porque é dia do seu aniversário? Sinceramente, já vi muitas outras atitudes, algumas bem despudoradas e demagógicas, mas esta ultrapassa todos os limites. São posturas destas que encavacam quem as toma, bem como as forças políticas que as suportam.
Será que não têm consciência de que a população activa é cada vez menor e os reformados cada vez mais envelhecidos e em maior número, tal como os desempregados? E que, por isso, é impossível que o dinheiro, o qual já nem sequer existe, chegue para tudo?
Será que vivem noutro país e não sabem que, infelizmente, o emprego continuará a diminuir, e, nesta ordem de ideias, a flexibilização de horários e de salários será a forma mais democrática de ser solidário?
Os tempos actuais lembram-me a guerra. Só que na actual, aliás verdadeira fria, limpam-se as armas! A incerteza bateu às nossas portas, como o outro dia afirmei, e, por isso, a manutenção das regalias vislumbra-se extremamente difícil senão mesmo impossível. Na procura do sentido da vida, há muitos milénios, alguém, como nós, concluía que debaixo dos céus “vaidade das vaidades, tudo é vaidade!”