Acredito que nos próximos dois anos entraremos na rota de recuperação económica, tanto mais que novos sacrifícios serão insuportáveis. No entanto, esta convicção não é pacífica e, nesta ordem de ideias, assistimos diariamente a debates sobre estes temas.
A verdade é que só com muita boa vontade vislumbramos uma ténue luz ao fundo túnel, já que os resultados do plano de ajustamento, relativo às medidas de austeridade da troika, parecem não estar a resultar. A taxa de desemprego continua muito alta, o défice ficou algo distante do que era expectável mesmo tendo em conta todos os cortes a que fomos sujeitos e, como se não bastasse, o índice de emigração está a aumentar, bem como as desigualdades sociais se tornam cada vez mais evidentes.
Por outro lado, se os salários mais baixos e a mão-de-obra qualificada significam um sinal positivo para atrair investimento estrangeiro, também não deixa de ser verdade que as condições que Portugal oferece para atrair esse investimento ainda não são as mais favoráveis, uma vez que os benefícios fiscais, a legislação obsoleta e a justiça, que por ser tão lenta se torna em injustiça, não são sequer suficientes para as empresas portuguesas.
Nesta perspectiva, receio estarmos, de modo contínuo, a alimentar um sistema que teima em não engrenar e que até os pequenos/grandes detalhes, os quais deveriam ser enormes oportunidades, são grãos na engrenagem da máquina, mais por ausência de medidas evolutivas que nos permitam aspirar a sair desta crise profunda e realçar a nossa economia, do que por vontade da maioria dos cidadãos.