O rio passa ali ao lado, respirando-se serenidade e ar puro. Apreciam-se a fauna e a flora locais. Com efeito, somos surpreendidos pela diversidade de animais selvagens que por ali debandam, indolentes e indiferentes à nossa estadia. Cegonhas, águias, javalis e lontras ocupam o terreno, reforçando, deste modo, o espírito de uma espécie de santuário ecológico.
Uma comunhão tão grande que, por vezes, a própria cor que veste as colinas que ladeiam a passagem que aos nossos olhos se abre, a modos que resultou de uma meticulosa análise cromática da terra que nos acolhe; uma comunhão tão imensa que tudo nos parece implantado manualmente, fio a fio, metro a metro, durante dias, semanas, meses ou, talvez, até muitos anos.
Quando aqui vim pela primeira vez, senti que isto estava parado no espaço e no tempo. Comecei a olhar para o rio, para as suas margens, a apreciar os animais, a deleitar-me com o lugar e depois …
Depois a tua presença fez o resto: o que faltava. Uma fluidez que teve como base a sintonia com o local, simultaneamente fantástico para uma almoçarada como para dormir uma sesta, ou ainda, para passar uma noite fria diante da acolhedora lareira. Bem sei que as visitas são irregulares, as cores – chamamos-lhe assim - não são constantes, tal como as texturas nem sempre são o que desejamos. Contudo, temos a nosso favor, a inexistência de muros e o sentido de pertença leva-nos, na maior parte das vezes, a um sentido autossustentável, enfim a um achado especial, um reencontro com a natureza, um regresso a sublimes momentos e que sublinham e realçam a beleza do lugar. Por dentro e por fora.