Nesta época, sobretudo nesta, em que a paz e o amor andam de boca em boca, onde toda a gente pensa ter um gesto de afecto, gosto de receber mensagens. Algumas sentidas, outras nem tanto e até mesmo aquelas que nada acrescentam pois contêm não-respostas. É a vida … e o espírito natalício tudo perdoa e torna irrelevante tal procedimento.
Agora que o Menino Jesus – prefiro, por razões de Fé, esta designação à do Pai Natal - já (re)nasceu há meia dúzia de dias, é altura de dizer que Natal, Natal é o de Londres ou de Berlim, isto para não citar outras paragens. Por estas bandas, por muito frio ou chuva que se faça sentir, manda a verdade dizer que as comemorações – financeiras, como é óbvio, apesar do excessivo espírito materialista do tema – evidenciam prendas e aquisições substanciais, enquanto por aqui, quiseramos nós termos algo para colocar no prato, já que os enfeites pendurados na árvore foram, quanto muito, os dos anos anteriores.
Quanto ao Sul, nomeadamente Portugal, onde se verifica, como já aludi, uma tendência inversa, isto é, menos investimentos, com o consequente aumento da recessão, o busílis da questão está também na imagem de desconfiança que se tem colado à maior parte dos nossos dirigentes. No entanto, não se pense que estas dúvidas apenas se circunscrevem aos nossos líderes, pois diariamente encontramo-nos rodeados de alguém que proclama, num determinado momento, uma coisa e no seguinte – não é no dia, semana, mês ou ano depois – instante procede em sentido contrário, do género “bem prega Frei Tomás …”
Este desajustamento entre o Natal do Norte e o do Sul, no seio de uma Europa muito dividida e sem lideranças inequívocas e respeitadas – observe-se a tentativa de regresso aos palcos políticos do inqualificável Berlusconi -, prova que a crise não se sente de igual forma em todo o lado e desconfio até que, para alguns, é mesmo algo de positivo.