Fomos, ontem, testemunhas do que grupos radicais, profissionais da desordem, podem fazer de mal. Durante mais de uma hora a polícia foi literalmente apedrejada, sofreu estoicamente e até se conteve perante o arremesso de bombas e petardos. Todavia os desordeiros, já que os manifestantes – honra seja feita à CGTP – há muito tinham desmobilizado, mantiveram o braço de ferro com as autoridades e mesmo depois de, várias vezes, avisados de que tais acontecimentos teriam de ter um fim, fizeram ouvidos de mercador.
Depois, quando a polícia carregou – eu não teria aguentado tanto, confesso –, foi o “ai Jesus”. Que as forças de segurança usaram de extrema violência e não tiveram em conta os legítimos direitos do “povo” à indignação, como esta, alguma vez, passasse pelos actos de pura selvajaria que as televisões amplamente mostraram.
Como é evidente, houve dezenas de feridos de ambos os lados, o que se lamenta, sobretudo por parte dos polícias, os quais apenas actuaram no estrito cumprimento do seu dever, como aliás foi reconhecido pelas principais forças políticas e pelo mais alto magistrado da nação. E, como não podia deixar de ser, houve indivíduos detidos, os quais, depois de ouvidos nas esquadras, serão presentes às devidas autoridades judiciais.
Importa, porém, reter as palavras de alguns destes últimos, i.e., aqueles que se atreveram a dar entrevistas aos órgãos de comunicação social. Ora, segundo estes, "apenas passeavam por ali ou iam de visita a um amigo ou familiar e jamais pensaram, quanto mais fazerem, algo de ilegal". Resumindo, ninguém atirou qualquer pedra, rebentou petardo, derrubou grades, incendiou mobiliário urbano e de higiene ou feriu quem quer que seja. Mais: as imagens que todos vimos, e que correram mundo, foram completamente forjadas pelos jornalistas que, neste caso, como não podia deixar de ser, estiveram ao serviço do Estado repressor e policial.
E viva a Revolução Mundial, abaixo a troyka e quem a apoiar. Ou, como dizia um cartaz, “Passos Coelho faz-me feliz, demite-te”. Isto sim é que é democracia (!!!). O voto nas urnas que se lixe, pois não tem qualquer valor.