O estar, nestes dias frios, à lareira, salamandra ou recuperador de calor é uma tentação. E se for acompanhado de uma bela companhia, tanto melhor. Será, como se costuma dizer, ouro sobre azul ou, dito de outro modo, a cereja em cima do bolo.
E tal como a temperatura final do compartimento é determinada não só pela quantidade de combustível queimado, mas também pelo isolamento, igualmente no que respeita ao restante ambiente é fundamental edificar as atitudes em consonância com os intervenientes.
O ar quente é mais leve e, como é do conhecimento geral, tem tendência a subir, o que faz, naturalmente, aumentar a temperatura ambiente. Semelhantemente, as emoções quando se incendeiam elevam-se a patamares extasiantes tornando os adereços perfeitamente dispensáveis e, se me permitem dizê-lo, até incomodativos.
Vem esta introdução a propósito da mudança. Tal como há poucas semanas se andava de manga curta, pois o calor assim obrigava, hoje-em-dia, face ao tempo cinzento e chuvoso, acompanhado de um frio já bem acentuado, cujas temperaturas baixas bem se fazem sentir, os agasalhos, sobretudos e cachecóis saíram dos armários e confortam o corpo. Todavia, a alma, a parte afectiva do nosso eu, também necessita, de tempos a tempos, para não dizer sempre, de ser rejuvenescida. Mas não só remoçada. Precisa de novos ares, brisas esquentadas, que façam subir, em analogia à temperatura emanada da lareira, o sideral, de modo que novas energias a renovem.